
O fim do dólar está próximo?

A política econômica de Donald Trump acelera o enfraquecimento do dólar como moeda global dominante, segundo a imprensa suíça. Esse foi um dos temas discutidos no encontro do BRICS, realizado no Rio de Janeiro. A seguir, uma retrospectiva da semana.
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De 5 a 11 de julho de 2025, vasculhamos a imprensa suíça para dar uma visão geral das notícias mais importantes relacionadas ao Brasil, Portugal ou África lusófona.

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Zika, chikungunya e dengue chegam à Suíça?
O jornal francófono 24 Heures publicou um artigo alertando para uma ameaça crescente à Suíça: a proliferação do mosquito-tigre-asiático e o risco associado de doenças como chikungunya, dengue e Zika.
Embora a Suíça só tenha registrado casos importados dessas infecções até agora, o risco de transmissão local está aumentando devido à presença crescente do mosquito vetor no país. O alerta se intensifica após a França registrar um número sem precedentes de casos locais de chikungunya. Na Itália e no sul da França, também se observa um aumento significativo de infecções autóctones.
O artigo explica os sintomas e complicações das três doenças: febre, dores musculares e, em casos mais graves, reações inflamatórias ou malformações congênitas. Destaca ainda a importância da proteção contra mosquitos, especialmente para quem viaja a regiões de risco, e esclarece as limitações atuais das vacinas disponíveis.
A publicação ressalta que, embora tradicionalmente associadas aos trópicos, essas doenças estão se expandindo para regiões temperadas como a Europa. A ameaça, portanto, deixou de ser exclusivamente “tropical” e passou a fazer parte dos desafios de saúde pública da Suíça.
Fonte: 24heures.ch, 09.07.2025Link externo (em francês)
Dois países querem assentos permanentes no Conselho de Segurança
Um artigo produzido pela agência de notícias AFP e publicado em diversos veículos suíços abordou a exigência do Brasil e da Índia por assentos permanentes no Conselho de Segurança da ONU.
A reivindicação foi formalizada em uma declaração conjunta durante a visita do primeiro-ministro indiano Narendra Modi ao Brasil, onde se reuniu com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O encontro ocorreu logo após a cúpula do BRICS no Rio de Janeiro, grupo que também inclui China e Rússia e busca reequilibrar a ordem mundial frente ao domínio ocidental.

Na declaração, Brasil e Índia defenderam uma “ampla reforma” do Conselho de Segurança, criticando o atual sistema que mantém apenas cinco membros permanentes com poder de veto (França, Reino Unido, China, Estados Unidos e Rússia) e exclui potências emergentes. Lula classificou como “inaceitável” que países do porte de Brasil e Índia não tenham assento permanente. Modi, por sua vez, chamou a relação entre os dois países de “pilar importante da estabilidade e do equilíbrio global”.
A iniciativa recebeu apoio da China e da Rússia no âmbito do BRICS, que defende maior representatividade para o Sul global. O artigo também destaca as críticas recentes ao Conselho por sua paralisia diante dos conflitos na Ucrânia e em Gaza, resultado do uso de vetos por Rússia e EUA.
Fonte: tdg.ch, 09.07.2025Link externo (em francês)
Ausência de Xi caracteriza a cúpula do Brics
O artigo foi escrito pelo correspondente do jornal suíço NZZ no Brasil, o jornalista alemão Alexander Busch, e analisa criticamente os resultados da recente cúpula do BRICS realizada no Rio de Janeiro.
Apesar de o encontro ter reunido apenas parte dos chefes de Estado, com ausências notáveis como as da China e da Rússia, Pequim e Moscou conseguiram impor suas prioridades na declaração final. A guerra da Rússia contra a Ucrânia foi completamente omitida, enquanto o texto condenou apenas ataques a civis e infraestrutura russos. Essa formulação reflete o esforço do Brasil, como anfitrião, de evitar atritos com os Estados Unidos, especialmente com o ex-presidente Donald Trump, que voltou a ameaçar países do BRICS com tarifas punitivas.
Busch destaca que, mesmo diante da pressão de membros como o Irã, a declaração final incluiu o reconhecimento do direito de existência de Israel dentro de uma solução de dois Estados, o que gerou protestos de Teerã. Além disso, temas sensíveis como o novo sistema de pagamentos alternativo ao Swift, promovido pela Rússia, foram intencionalmente deixados de fora, para não provocar retaliações de Washington.
O jornalista aponta que o medo da reação de Trump e a ausência de Xi Jinping ofuscaram a cúpula, frustrando as expectativas de fortalecimento do bloco. A expansão do grupo, que agora reúne 11 países e representa quase metade da população mundial, não se traduziu em unidade política. Com divergências internas crescentes e sem uma estrutura institucional sólida, o BRICS, segundo analistas citados no texto, enfrenta dificuldades em consolidar-se como alternativa real ao G7.
Fonte: Neue Zürcher Zeitung, 08.07.2025Link externo (em alemão)
Juliette Binoche surpreende Wagner Moura com prêmio atrasado
A revista semanal Schweizer Illustrierte, especializada em temas de sociedade, publicou uma matéria destacando a homenagem tardia feita ao ator brasileiro Wagner Moura pelo Festival de Cannes. Moura não pôde comparecer à cerimônia em maio, mas recebeu o prêmio de melhor ator por O Agente Secreto das mãos da atriz Juliette Binoche, presidente do júri, durante o Festival Cinéma Paradiso, em Paris. Emocionado, ele elogiou a atriz e dedicou o prêmio à cultura brasileira.
Durante o evento, Moura surpreendeu o público ao cantar uma música de João Gilberto, ícone da bossa nova, e exaltou a importância da arte em tempos difíceis. O filme O Agente Secreto, dirigido por Kleber Mendonça Filho, que também foi premiado em Cannes, retrata a perseguição a um especialista em tecnologia durante a ditadura militar no Brasil dos anos 1970.
Conhecido internacionalmente pelo sucesso de Tropa de Elite (2007), Moura consolidou sua fama ao interpretar Pablo Escobar na série da Netflix Narcos. O reconhecimento em Cannes reforça sua posição como um dos maiores astros do cinema brasileiro contemporâneo.
Fonte: Schweizer Illustrierte, 07.07.2025Link externo (em alemão)
Trump ameaça tarifas adicionais após críticas ao Brics
O jornal econômico Handelszeitung destacou como um dos principais temas da semana o encontro dos países do BRICS, realizado no Rio de Janeiro entre 6 e 7 de julho, e suas repercussões no cenário global. Durante a cúpula, os membros do grupo, que reúne, entre outros, Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, criticaram duramente a política comercial dos Estados Unidos, classificando as tarifas unilaterais como distorcivas e contrárias às regras da OMC.
Em resposta, o ex-presidente Donald Trump anunciou tarifas punitivas adicionais de até 70% para países que, segundo ele, estiverem “alinhados com a política antiamericana do BRICS”. Por meio de sua rede Truth Social, ele informou que cartas oficiais seriam enviadas a partir de 7 de julho a cerca de doze países, sem revelar quais. A medida ampliou a tensão comercial, em especial com a União Europeia, cujo prazo de negociação com Washington está prestes a expirar.
A cúpula do BRICS reforçou o objetivo do grupo de enfraquecer o domínio geopolítico dos EUA e da Europa, propondo uma nova ordem mundial multipolar. Desde sua ampliação em 2023, o bloco passou a representar cerca de metade da população mundial e 40% da economia global, aumentando significativamente seu peso político e econômico nas relações internacionais.
Fonte: Handelszeitung.ch, 07.07.2025Link externo (em alemão)
Ataque ao dólar
O jornal suíço NZZ am Sonntag publicou uma extensa análise sobre a crescente pressão sobre o dólar como moeda global dominante, destacando que a política econômica do ex-presidente dos EUA, Donald Trump, pode estar acelerando um processo de enfraquecimento estrutural do papel do dólar no sistema financeiro internacional. A chamada “Big Beautiful Bill”, com cortes massivos de impostos e aumento da dívida, aliada ao enfraquecimento do Federal Reserve, coloca em risco a confiança mundial no dólar como moeda de reserva e instrumento de poder geopolítico dos EUA.
Apesar dos benefícios que o dólar ainda oferece aos EUA, como a capacidade de tomar empréstimos baratos e influenciar o comércio internacional, o artigo destaca que países como China, Rússia e membros do BRICS estão buscando alternativas ao domínio do dólar, especialmente após o uso da moeda como ferramenta de sanções, como nos casos do Irã e da Rússia. Ainda que não exista no horizonte uma moeda rival forte o suficiente para substituir o dólar, analistas apontam que sua hegemonia já está em declínio, com impactos geopolíticos de longo prazo.

A reportagem contextualiza esse cenário lembrando a história do dólar desde o fim de Bretton Woods em 1971, passando pela criação do petrodólar e chegando ao momento atual, em que o próprio modelo que sustentou o domínio americano por décadas começa a se desgastar. Economistas como Kenneth Rogoff e Ray Dalio veem sinais de um declínio acelerado, agravado pela imprevisibilidade política nos EUA. O artigo conclui que, mesmo sem substituto imediato, a era do dólar incontestável pode estar chegando ao fim, com efeitos ainda incertos sobre a ordem global.
Fonte: NZZ am Sonntag, 07.07.2025Link externo (em alemão)
Milhares prestam homenagem a Diogo Jota
O portal católico Cath publicou um comovente artigo sobre o funeral do jogador português Diogo Jota e de seu irmão André Silva, que morreram em um trágico acidente de carro na Espanha. A missa de despedida foi celebrada em 5 de julho de 2025, na cidade natal dos irmãos, Gondomar, na região metropolitana do Porto, e foi presidida pelo Bispo do Porto, Dom Manuel Linda.
A cerimônia ocorreu na histórica Igreja de São Cosme e São Damião, em clima de profunda emoção e recolhimento. Familiares, amigos, milhares de torcedores e figuras do futebol internacional, incluindo jogadores da seleção portuguesa, membros do Liverpool FC e o técnico Roberto Martínez, prestaram suas homenagens. Muitos torcedores acompanharam a missa do lado de fora da igreja.
Após a celebração, os caixões foram levados por amigos e ex-colegas do Gondomar FC até o cemitério local, em uma procissão silenciosa seguida por uma multidão. Diogo Jota, que começou sua carreira nesse clube aos 9 anos, deixou um legado marcante tanto no esporte quanto na memória de sua comunidade.
Fonte: cath.ch, 06.07.2025Link externo (em francês)
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Publicaremos nossa próxima revista da imprensa suíça em 18 de julho. Enquanto isso, tenha um bom fim de semana e boa leitura!
Até a próxima semana!

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