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Momentos que marcaram 52 anos de conflito com Farc

Painel com fotos das vítimas do conflito colombiano, em Granada, no departamento de Antioquia, no dia 22 de junho de 2016 afp_tickers

A guerrilha Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) marcou a sangue e fogo a história da Colômbia nos últimos 52 anos, em uma frustrada luta pelo poder que chegará ao fim após o cessar-fogo firmado nesta quarta-feira (22) em Havana.

O anúncio antecedeu a assinatura da paz, esperada para as próximas semanas. Confira abaixo as principais datas em cinco décadas de confronto:

– A fundação

A data de 27 de maio de 1964 é considerada fundacional das Farc. Foi quando aconteceu o primeiro combate de um grupo de camponeses, liderados por Manuel Marulanda Vélez (“Tirofijo”), que resistiam à ofensiva militar em Marquetalia, centro da Colômbia. A localidade é considerada pelo governo conservador de Guillermo León Valencia uma “república independente” de influência comunista.

– Três processos de paz fracassados

A primeira tentativa de negociação de paz entre o governo e as Farc começou em 28 de março de 1984, quando o presidente Belisario Betancur e a guerrilha instalaram uma mesa de diálogos em meio a uma trégua bilateral. Essas conversas fracassaram em 1987, assim como outras duas, iniciadas em 1992 com o presidente César Gaviria e, em 1999, com o presidente Andrés Pastrana. Esse último processo, que se estendeu até 2002, ficou conhecido como “Diálogos do Caguán”, pela região de 42.000 km2. O presidente ordenou a desmilitarização dessa área no sul do país.

– Ofensiva rebelde

Os anos 1990 foram marcados por uma estratégia de guerra das Farc que incluiu ataques a povoados, bases militares e quartéis de polícia. Os rebeldes também recorreram ao sequestro de civis para pedidos de resgate. A tomada da cidade amazônica de Mitú, em 1998, com saldo de 43 mortos e 61 sequestrados, e o massacre de Bojayá em 2002, onde 119 pessoas morreram em uma igreja refugiando-se de combates, marcaram essa época.

Talvez o fato mais lembrado pelo mundo seja o sequestro, em 2002, da pré-candidata presidencial colombiano-francesa Ingrid Betancourt, libertada seis anos depois pelo Exército. Seu cativeiro se tornou o símbolo do drama dos civis, policiais e militares detidos na Colômbia, alguns com até dez anos de cativeiro.

– Reação do governo

No dia 7 de agosto de 2002, quando Álvaro Uribe assume o governo com a promessa de derrotar militarmente as Farc, a guerrilha atacou a sede presidencial, matando 21 pessoas em uma zona próxima. Em oito anos de mandato, Uribe impôs duros golpes à guerrilha. Após a morte – por aparente causa natural – do líder e fundador das Farc, “Tirofijo”, o rebelde Raúl Reyes, responsável internacional da guerrilha, foi abatido em uma operação do Exército colombiano no Equador, na zona da fronteira comum. A quebra da liderança das Farc prosseguiu em 2010, já com Santos na presidência. Primeiro morreu o chefe militar Jorge Briceño (“Mono Jojoy”) e, em seguida, Alfonso Cano, sucessor de “Tirofijo”.

– Fim do confronto

Após a escalada militar, por iniciativa do presidente Santos e do novo líder das Farc, Timoleón Jiménez (“Timochenko”), as duas partes iniciam formalmente, em 18 de outubro de 2012, um diálogo de paz em Oslo, cuja mesa de negociações é instalada em Havana, tendo Cuba e Noruega como fiadores.

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