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“Pensar globalmente e agir localmente”

As cores de Porto Alegre, em 2003. Keystone

Para dois suíços presentes em Porto Alegre, a divisa dos alter-mundialistas resume a utilidade de um encontro como o Fórum Social Mundial.

Num momento em que alguns falam de perda de fôlego do movimento, outros querem revezar os fóruns regionais e o FSM, que seria bienal.

“Para mim, está claro que é no país onde trabalhamos que se pode medir nossa força. Não em Porto Alegre, afirma Pepo Hofstetter, porta-voz da Swisscoalition, comunidade de trabalho das seis grandes ONGs suíças de ajuda ao desenvolvimento.

Ele estima que o FSM – de que participa neste ano pela segunda vez – é-lhe útil principalmente para estabelecer contatos, porque para as obras de ajuda mútua como as que estão reunidas na Swisscalition, é muito importante encontrar as ONGs do Sul.

“Se nos limitamos a discutir no FSM, não teremos poder, prossegue Hofstetter. Mas Porto Alegre é lugar apropriado para forjar alianças, debater pedidos, reivindicações, idéias e construir redes internacionais”.

Das palavras aos atos

Como exemplo, esse participante – que é também co-organizador da viagem da delegação suíça – cita Tax Justice Network, que luta contra a fraude fiscal praticada por empresas transnacionais.

“A idéia foi apresentada por suíços e pela seção alemã de ATTAC, conta Pepo Hofstetter. Falamos do assunto no Fórum Social Europeu, realizado em Florença, em 2002, no ano seguinte em Porto Alegra, e, agora, a rede existe, com um secretariado e organizações em todo o mundo”.

Sem perda de fôlego

Também para Sergio Ferrari (jornalista argentino radicado na Suíça), o Fórum Social Mundial – que freqüenta desde o início – é um espaço de intercâmbios e reflexão, onde se buscam “alternativas ao modelo neoliberal dominante”.

Ferrari, porta-voz da associação E-Changer não vê ali um movimento que desfalece, mas, ao contrário, “um processo que se desenvolve, se fortifica e até se amplia”.

Até porque, afirma o jornalista, em sua edição de 2005, o programa do Fórum será integralmente autogerenciado.

Entre maio e agosto do ano passado, o FSM organizou uma pesquisa internacional pela Internet. No total, 1863 organizações responderam à sugestão de definir os grandes temas em debate. Resultado: mais de duas mil atividades co-organizadas por mais de 3 mil organizações de 111 países.

Anual ou bienal?

Sergio Ferrari está, no entanto, consciente de que uma organização tão gigantesca mobiliza energias que não podem, então, ser gastas em outros lugares, nos combates locais enfrentados pelas ONGs.

Daí a discussão sobre a periodicidade do FSM, que alguns gostariam que se reunisse somente de dois em dois anos. Em Porto Alegre, as duas tendências se confrontam.

Há os que preconizam um Fórum todos os anos, para enviar um sinal às grandes organizações transnacionais como a OMC, realça Sergio Ferrari. Trata-se de mostrar que a sociedade civil planetária pode se reunir anualmente”.

Do lado oposto, há os que alegam que a organização custa demasiados esforços e que seria preciso limitar-se a um encontro bienal.

2007 na África

Os últimos querem, de fato, um Fórum Mundial de dois em dois anos, alternado com os Fóruns regionais. Assim, após Londres em 2004, o próximo Fórum Social Europeu, está previsto apenas para 2006.

Os defensores do espaçamento dos encontros figuram principalmente nas alas dos altermundialistas europeus.

Essa atitude não surpreende Pepo Hofstetter. “Na América Latina ou nos outros continentes, os Fóruns regionais não são tão fortes quanto na Europa”, afirma o delegado de Swisscoalition.

Para ele, como para as obras de ajuda que representa, um FSM bienal seria uma solução perfeita. À imagem do Fórum Social Suíço, previsto inicialmente com periodicidade anual, passou a um ritmo de reunião de 18 em 18 meses.

Segunda-feira, os organizadores do FSM optaram pela regionalização do Fórum em 2006, que deverá ocorrer em vários países na mesma data. Ficou decidido ainda que o FSM 2007 será na África, em país a ser definido posteriormene.

swissinfo, Marc-André Miserez
(Tradução de J.Gabriel Barbosa)

– o Fórum Social Mundial (FSM) foi criado em 2001, em Porto Alegre. Excepcionalmente foi realizado no ano passado em Mumbai, na Índia, e volta neste ano à capital gaúcha.

– O FSM apresenta-se como o Anti-Forum Econômico de Davos.
Realiza-se nas mesmas datas, sendo um ponto de encontro aberto a todos os movimentos e organizações que se opõem à globalização neoliberal.

– Neste ano, os organizadores do FSM esperam mais de 100 mil delegados de mais de 3 mil movimentos e ONGs de 120 paises, para participarem de mais de 2 mil encontros e atividades.

– A delegação suíça é integrada por cerca de 50 pessoas: deputados de partidos rosas-vermelhos-verdes, sindicalistas, jornalistas e especialistas do desenvolvimento e da cooperação.

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