A longa e brutal ditadura de Franco na Espanha
O ditador espanhol Francisco Franco liderou um regime brutal de 1939 até sua morte, em 20 de novembro de 1975.
Relembre o que ocorreu durante o regime franquista:
– Guerra Civil –
Franco é um dos principais conspiradores no levante militar de julho de 1936 contra a Segunda República, liderada na época pela Frente Popular de esquerda.
Com o apoio de Adolf Hitler — os bombardeiros alemães serão fundamentais para devastar a localidade basca de Guernica no massacre imortalizado posteriormente no famoso quadro de Picasso — e Benito Mussolini, o “generalíssimo” vence a Guerra Civil em 1939.
Ficam para trás três anos de conflito brutal que deixou centenas de milhares de mortos.
Com o título de caudilho, lidera um país faminto e em ruínas. Evita participar a Segunda Guerra Mundial, mas sua simpatia pelas potências do Eixo lhe vale o ostracismo dos vencedores até que a entrada da Espanha na ONU em 1955 inicia o fim desse isolamento.
– Repressão feroz –
Nos seus primeiros cinco anos no poder, Franco ordena a execução de milhares de republicanos, cujos corpos são enterrados em valas comuns. Estima-se que a Guerra Civil e os anos posteriores deixaram mais de 110.000 desaparecidos, segundo números oficiais.
Além disso, meio milhão de pessoas partem para o exílio, e seus bens são confiscados. O regime persegue especialmente comunistas e maçons, de acordo com uma lei de 1940.
O franquismo, que tem na Igreja Católica um de seus principais pilares, recebe o apoio dos grandes latifundiários e da burguesia industrial e financeira. No início, o regime também se beneficia da repulsa de muitos espanhóis aos crimes contra religiosos cometidos pelo lado republicano durante a guerra.
Estabelece-se igualmente um tráfico para retirar recém-nascidos de opositoras acusadas de transmitir-lhes o “gene” do marxismo.
Com a cumplicidade do clero em muitas ocasiões, os bebês eram separados de suas mães após o parto e declarados mortos para depois serem adotados por casais estéreis, preferencialmente próximos ao regime.
A partir da década de 1950, esse tráfico começou a se estender a crianças nascidas fora do casamento ou em famílias pobres ou muito numerosas.
– Crimes impunes –
Franco morreu em 20 de novembro de 1975 após uma longa agonia.
Designado sucessor desde 1969, Juan Carlos é proclamado rei dois dias depois e inicia um período de transição para a democracia que inclui uma convocação de eleições para 1977 e a aprovação da Constituição em 1978.
Durante esse período delicado, quase todas as forças políticas votam em 1977 uma lei de anistia que perdoou os delitos cometidos pelos opositores políticos, mas também pelos agentes da ordem pública.
As tentativas posteriores da Justiça de investigar esses crimes serão assim impedidas na Espanha, deixando abertas as feridas da ditadura.
A mudança começa aos poucos em 2007 com uma lei de Memória Histórica impulsionada pela esquerda, e depois em 2022, quando o governo do socialista Pedro Sánchez consegue aprovar uma lei de Memória Democrática, rejeitada pela direita.
Empunhando a bandeira da reparação das vítimas do franquismo, Sánchez, entre outras medidas, exumou os restos do ditador do monumental mausoléu onde descansavam para serem trasladados a um cemitério mais discreto perto de Madri.
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