Índia lança sonda para pousar um rover explorador na Lua
A Índia lançará sua segunda missão lunar na próxima segunda-feira com o objetivo de se tornar a quarta nação a colocar um dispositivo na Lua, um passo muito importante para seu ambicioso programa espacial.
A dias do aniversário de 50 anos da chegada do primeiro homem à Lua, a Organização Indiana de Pesquisa Espacial (ISRO, sigla em inglês) prevê lançar na segunda-feira às 02H51 locais (18H21 de domingo em Brasília) a missão Chandrayaan-2 da base de Sriharikota, no sudeste do país.
A Índia dedicou 140 milhões de dólares - uma soma muito inferior às das outras grandes agências espaciais para missões deste tipo - à expedição que busca pousar no próximo 6 de setembro um robô móvel no polo sul do satélite natural do planeta, situado a cerca de 384.000 km da Terra.
A Chandrayaan-2 ("Carro Lunar" em hindi) inclui um orbitador lunar, um módulo de descida e um rover (veículo de exploração), um dispositivo de 3,8 toneladas.
O conjunto será propulsado por um foguete GSLV-MkIII, o mais potente lançador indiano, equivalente a um foguete europeu Ariane 4.
Os quinze minutos finais do módulo de descida Vikram antes do pouso na Lua, previsto entre as crateras Manzinus C e Simpelius N, "serão os momentos mais aterradores pois nunca realizamos uma missão tão complexa", declarou à imprensa K. Sivan, diretor da ISRO.
Se a missão se desenvolver conforme o previsto, a Índia se tornará o quarto país do mundo - depois da União Soviética, Estados Unidos e China - a conseguir pousar um aparelho na Lua.
Em abril passado, uma sonda israelense não conseguiu pousar na Lua.
Pragyan, o rover indiano, que pesa 27 quilos, buscará no solo lunar rastros de água e "sinais fósseis do sistema solar primitivo", indicou a ISRO.
O veículo, propulsado por energia solar, deve a princípio funcionar durante um dia lunar, o equivalente a 14 dias terrestres, e poderá percorrer até 500 metros.
- Influência internacional -
Esta missão indiana se inscreve em um contexto de intensificação do interesse internacional pela Lua, visitada por humanos pela última vez em 1972.
Atualmente vários países planejam voltar a enviar homens à Lua. O governo americano pediu à Nasa, a agência espacial dos Estados Unidos, que volte a enviar astronautas em 2024.
O regresso à Lua é visto como uma etapa inevitável na preparação dos voos tripulados para paradeiros mais distantes, principalmente Marte.
O projeto Chandrayaan-2 é a segunda missão lunar da Índia, que há 11 anos, na missão Chandrayaan-1, colocou uma sonda na órbita da Lua.
O programa espacial indiano se destaca por combinar objetivos ambiciosos com recursos muito mais baixos que os de seus homólogos, o que não lhe impede de avançar rapidamente.
A ISRO se propõe a enviar antes do fim de 2022 três astronautas ao espaço, em seu primeiro voo tripulado.
Aspira, além disso, a construir sua própria estação espacial nos próximos dez anos.
Para o primeiro-ministro indiano, o nacionalista Narendra Modi, o programa espacial é um instrumento muito importante para a influência e o prestígio internacional da Índia, um país emergente de 1,3 bilhão de habitantes.
"Uma missão tão complexa como a Chandrayaan-2 envia a mensagem de que a Índia é capaz de realizar empreendimentos difíceis de desenvolvimento tecnológico", opinou Amitabha Ghosh, um cientista que colaborou com missões da Nasa para Marte.