Navigation

'Casa das Cores' do México, onde mulheres trans centro-americanas sonham com os EUA

A migrante transgênero salvadorenha Susana Coreas posa para uma foto durante o Dia Internacional da Visibilidade do Transgênero (TDOV) no abrigo "La Casa de Colores", em Ciudad Juarez, estado de Chihuahua, México, em 31 de março de 2021. afp_tickers
Este conteúdo foi publicado em 01. abril 2021 - 21:19
(AFP)

Sem poder voltar a seus países e com os Estados Unidos recebendo migrantes a conta-gotas, as mulheres trans da América Central aguardam no abrigo "Casa das Cores", na cidade mexicana de Juárez, desejando realizar o "sonho americano".

São 43 mulheres da Guatemala, El Salvador, Honduras e Nicarágua que vivem neste refúgio na fronteira, onde há anos migrantes que querem fazer a travessia, com ou sem documentos, para os Estados Unidos.

“A maioria está fugindo, não pode voltar para seus países, estamos presos em Ciudad Juárez”, disse à AFP Susana Coreas, uma salvadorenha de 41 anos que fundou o abrigo em setembro.

A espera parece eterna, já que nenhuma delas está cadastrada no Programa de Proteção ao Migrante (MPP), criado pelo ex-presidente americano Donald Trump para que os solicitantes de refúgio pudessem permanecer no México enquanto aguardavam seus processos.

Embora o MPP tenha sido desmantelado por seu sucessor, Joe Biden, ter se registrado no programa é um requisito para solicitar o status de proteção.

As moradoras da Casa das Cores confiam em que Biden lançará um novo plano para flexibilizar as políticas de imigração, o que desencadeou uma corrida para a fronteira, especialmente por parte dos migrantes da América Central.

Eles também esperam que o trânsito terrestre seja completamente restaurado na área de fronteira, restringida por um ano pela pandemia da covid-19, para cruzar em busca de asilo.

Centro-americanos argumentam que estão fugindo da violência e da pobreza em seus países, agravada pelos recentes desastres naturais. Mulheres trans e gays frequentemente relatam que foram perseguidas por sua identidade de gênero.

Mas quarta-feira à noite foi uma festa para Coreas e suas amigas. Elas vestiram suas melhores roupas e se maquiaram para comemorar o Dia Internacional da Visibilidade Trans (Travesti, Transgênero, Transexual).

- Esperança -

O abrigo está localizado em um antigo hotel que o dono de um bar disponibilizou para trans centro-americanas que não tinham onde morar, juntando-se a outros 20 abrigos para migrantes que esperavam para chegar aos Estados Unidos.

Natural de Santa Ana, El Salvador, Coreas é engenheira industrial e técnica em elétrica, automotiva e informática. Ela sonha ir aos Estados Unidos para se reunir em Minnesota com seu filho de 17 anos, residente do país.

“Já temos lugar garantido (para morar), mas agora o que me preocupa é comida, precisamos de açúcar, fubá, ovos”, explica a salvadorenha, que para a festa se maquiou e usou vestido e sapato alto pretos.

Batom, cílios e pó facial são essenciais para elas. “Nossa autoestima aumenta, eu não poderia sair de vestido e sem usar maquiagem”, disse Coreas.

“Eu poderia atravessar, mas quero entrar bem nos Estados Unidos (legalmente), por isso estou aqui, esperando”, acrescentou.

As pessoas cadastradas no MPP começaram a entrar nos Estados Unidos em 19 de fevereiro para continuar administrando seu asilo.

Por meio desse programa, cerca de 70.000 pessoas também foram deportadas para o México entre janeiro de 2019 e dezembro de 2020, segundo organizações civis dos EUA.

Segundo o governo mexicano, cerca de 6.000 migrantes permaneceram no país até fevereiro, cujos pedidos de proteção foram adiados pela pandemia.

Modificar sua senha

Você quer realmente deletar seu perfil?

Não foi possível salvar sua assinatura. Por favor, tente novamente.
Quase terminado… Nós precisamos confirmar o seu endereço e-mail. Para finalizar o processo de inscrição, clique por favor no link do e-mail enviado por nós há pouco

Leia nossas mais interessantes reportagens da semana

Assine agora e receba gratuitamente nossas melhores reportagens em sua caixa de correio eletrônico.

A política de privacidade da SRG SSR oferece informações adicionais sobre o processamento de dados.