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A um ano das Olimpíadas, Rio promete voltar a encantar o mundo

Foto do serviço de imprensa da Presidência do Brasil mostra a presidente Dilma Rousseff (E) e o prefeito do Rio, Eduardo Paes, durante o evento comemorativo do prazo de um ano para a realização dos Jogos Olímpicos de 2016 afp_tickers

A chama olímpica será acesa no Rio de Janeiro em exatamente um ano: os organizadores dos primeiros Jogos Olímpicos da América do Sul celebraram nesta quarta-feira as obras no prazo, embora tenham admitido que a limpeza da contaminada baía de Guanabara é causa perdida.

Os Jogos começarão oficialmente em 5 de agosto de 2016, depois que a tocha olímpica tiver percorrido 300 cidades em 100 dias, espalhando o espírito esportivo em todo o Brasil.

O Rio se prepara para receber mais de 10.500 atletas de 206 países – depois da recente adesão do Sudão do Sul ao Comitê Olímpico Internacional (COI) – que competirão em 42 modalidades por 306 medalhas de ouro.

“Continuamos trabalhando porque ainda há muito por fazer”, afirmou a presidente Dilma Rousseff em cerimônia oficial no Rio para marcar o início da contagem regressiva de um ano.

“Com a Copa do Mundo, temos a experiência necessária para mais uma vez encantar o mundo”, prometeu, para depois afirmar que o “Rio de Janeiro é o mais lindo cenário desde a Grécia antiga onde se realiza a Olimpíada”.

O maior legado desde Barcelona

O presidente do COI, o alemão Thomas Bach, afirmou, por sua vez, que “o sucesso dos Jogos serão determinados também pelos benefícios que trarão para o Brasil”. Os Jogos do Rio de Janeiro serão “os mais inclusivos da História” e deixarão para o povo “o maior legado desde as Olimpíadas de Barcelona” em 1992, avaliou.

Bach destacou especialmente o legado nos transportes. “Em 2016, o povo carioca terá um transporte público de excelência”, previu. O número de usuários do transporte público aumentará de 15% em 2009 para 63% em 2016, “quando as vias exclusivas de ônibus BRT e o metrô estiverem cheios de torcedores e espectadores deslocando-se para as competições”, disse.

Horas antes, manifestantes protestaram contra a contaminação na baía de Guanabara e as remoções forçadas por causa das obras olímpicas, entoando cânticos e exibindo cartazes, com os dizeres “Olimpíadas para quem?” em frente à prefeitura do Rio.

Bach não foi, na quarta-feira de manhã, a uma visita ao parque olímpico da Barra da Tijuca, centro nervoso dos Jogos, alegando que estava “completamente esgotado” após uma viagem de Kuala Lumpur, informou um porta-voz do comitê organizador do Rio-2016.

“Tomei uma caipirinha com ele ontem à noite”, disse o prefeito do Rio, Eduardo Paes, em coletiva de imprensa no parque olímpico. “Trinta horas de voo e depois uma caipirinha brasileira deixa a pessoa cansada”, continuou, em tom de brincadeira.

No prazo

O Rio ainda não se vestiu para a festa. Salvo uma bandeira olímpica aqui, outra ali, ainda é cedo para sentir o clima festivo nas ruas.

No entanto, há obras em cada esquina. A ‘Cidade Maravilhosa’ atravessa uma profunda transformação impulsionada pela onda dos Jogos, que inclui, entre outras, a ampliação do metrô, o veículo leve sobre trilhos no centro, novas rotas de ônibus por corredores exclusivos, os BRT, e a renovação da zona portuária.

O parque olímpico está 82% concluído e, dentro dele, a arena de handebol em 74%, com a quadra pronta, inclusive, o centro aquático, em 81%, e o velódromo, em 61%, disse Paes. Este último “ainda é uma preocupação”, admitiu o prefeito.

As obras no campo de golfe, também polêmicas, porque parte do local fica em uma área de proteção ambiental, estão 98% adiantadas.

Paes lembrou que 57% do orçamento dos Jogos – que chegam a um total de 38,2 bilhões de reais (11,2 bilhões de dólares) – é de capitais privados.

Peixes na baía

A descontaminação das águas nauseabundas da baía de Guanabara, talvez a mais bela lixeira do mundo, será a grande dívida dos Jogos, depois que o governo estadual descartou limpá-la em 80%, como havia prometido.

A bela baía, cercada de montanhas com Mata Atlântica e emoldurada pelo imponente Pão de Açúcar, receberá as competições de vela.

Especialistas denunciaram que a contaminação de suas águas pode ser perigosa para a saúde dos atletas, além de dificultar a navegação.

“A preocupação do comitê organizador será sempre com a saúde dos atletas, independentemente do lugar”, mas “quero lembrar que há muitos atletas que disseram que nadaram com peixes” durante os eventos organizadores na baía, contou o presidente do Comitê Organizador do Rio-2016, Carlos Nuzman.

Paes explicou que a área onde serão disputadas as competições está muito melhor do que outras partes da baía e assegurou que dentro de um ano, 60% estarão limpos.

SWI swissinfo.ch - sucursal da sociedade suíça de radiodifusão SRG SSR

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