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Agência sanitária europeia alerta que vírus permanecerá ‘entre nós’

Membro da Cruz Vermelha analisa amostra em teste de antígeno para a covid-19 em centro de exames em Saint-Gilles, sudeste da França, 19 de novembro de 2020 afp_tickers

O mundo deve estar ciente que a covid-19 continuará “entre nós”, alertou nesta sexta-feira (12) a diretora da agência europeia encarregada de doenças em uma entrevista à AFP.

“Agora parece mais provável que fique” do que desapareça, declarou Andrea Ammon, diretora do Centro Europeu de Prevenção e Controle de Doenças (ECDC). “Parece que se adaptou muito bem aos humanos. Então devemos nos preparar para que fique entre nós”, acrescentou.

“Não seria o primeiro vírus a ficar conosco para sempre, porque não é uma característica incomum para um vírus”, destacou a responsável.

Embora as vacinas reduzam drasticamente o risco de contrair a covid-19, os cientistas ainda não sabem se também previnem a transmissão do vírus.

As variantes, especialmente as sul-africanas e brasileiras, complicam a situação, já que são suspeitas de diminuir a eficácia da vacina.

“A pergunta é o que significa isso para a eficácia da vacina”, destacou Ammon, dando o exemplo da gripe sazonal para a qual as vacinas se adaptam todos os anos.

“É possível que ocorra o mesmo, ou que em algum momento (o vírus) se estabilize e possamos usar uma vacina durante um longo período”, comentou à AFP por vídeoconferência.

– Situação epidemiológica grave –

A diretora do ECDC também apelou aos países da União Europeia (UE) para manter as restrições atuais, apesar da diminuição dos casos na maioria dos estados europeus.

“Ainda é um cenário complexo (…) Ainda não estamos no fim do túnel”, ressaltou, lembrando que todos os países da UE – exceto a Finlândia – ainda se encontravam em situação epidemiológica “grave”, segundo critérios do ECDC.

“Todo mundo está cansado das medidas (de segurança), mas quando você faz uma corrida de longa distância (…) tem que correr os últimos quilômetros”, argumentou.

O número de novos casos diários em toda a Europa está atualmente se aproximando de 150.000, frente aos 250.000 registrados há um mês, de acordo com dados oficiais compilados pela AFP.

Qualquer diminuição das medidas deve ser “progressiva” e “somente quando se observar que os casos estão estáveis ou decrescentes é que se pode dar outro passo”, aconselhou.

Diante de uma escassez de vacinas, agravada por atrasos nas entregas, a União Europeia teve um péssimo início de sua campanha de vacinação, que começou no final de dezembro.

De acordo com a última contagem oficial de sexta-feira, apenas 3% da população da UE recebeu pelo menos uma dose e 1,4% as duas, em um total de 20 milhões de doses administradas.

A Comissão, cuja gestão tem sido muito criticada, fixou como objetivo vacinar 70% da população adulta até ao “final do verão”.

“Todo mundo está procurando por isso, todos os esforços estão indo nessa direção”, declarou Ammon, ao ser questionada se esse objetivo lhe parece possível.

SWI swissinfo.ch - sucursal da sociedade suíça de radiodifusão SRG SSR

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