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Antirretrovirais reduzem risco de contágio de HIV entre casais

(Arquivo) Um paciente HIV positivo recebe sua medicação mensal em um posto de saúde, em Thyolo, Malawi, no dia 26 de novembro de 2014 afp_tickers

O tratamento com antirretrovirais reduz significativamente o risco de contágio de HIV entre casais, mesmo quando eles têm relações sexuais sem preservativo, disseram pesquisadores na terça-feira.

O estudo, publicado na revista científica Journal of American Medical Association (JAMA), é o mais amplo que analisa a questão de quão arriscado é para os chamados casais sorodiscordantes terem relações sexuais desprotegidas quando o parceiro infectado está suprimindo sua carga viral com medicação.

A pesquisa envolveu 900 casais – cerca de dois terços deles eram de heterossexuais, e o resto eram de homens homossexuais.

Após uma média de 1,3 ano, o estudo não encontrou casos em que o parceiro HIV positivo, que estava tomando medicação para suprimir o vírus, tenha infectado o outro parceiro.

Houve, no entanto, 11 casos em que o parceiro que era HIV negativo no início do estudo foi infectado com o vírus que causa a Aids.

Dez destes casos envolveram homens homossexuais.

Os pesquisadores disseram que oito dos parceiros que tinham contraído o vírus recentemente admitiram ter tido relações sexuais sem proteção fora do relacionamento.

Em nenhum dos casos a infecção recente pelo HIV era molecularmente correspondente com a do parceiro, de modo que os pesquisadores concluíram que a taxa de transmissão entre casais foi zero.

No entanto, os cientistas alertaram que são necessárias mais pesquisas, com números maiores de casais e com um acompanhamento mais longo dos casos.

“Embora estes resultados não forneçam diretamente uma resposta à questão de se é seguro para casais sorodiscordantes praticarem sexo sem preservativo, este estudo fornece dados informativos, especialmente para os heterossexuais, para os casais basearem a sua aceitabilidade pessoal de risco”, disse o estudo, liderado por Alison Rodger, da Universidade College London.

Em um editorial que acompanhou o estudo, Eric Daar e Katya Corado, do Centro Médico Harbor-UCLA, advertiram que os casais não devem interpretar o estudo no sentido de que seu risco de transmissão é zero.

“Para os indivíduos que não querem, rotineiramente ou intermitentemente, usar preservativos com um parceiro infectado pelo HIV, os clínicos podem indicar que o risco de transmissão do HIV aparece como pequeno no cenário de supressão viral contínua”, escreveram os cientistas.

O parceiro soropositivo deve estar usando antirretrovirais há pelo menos seis meses antes do casal ter relações sexuais sem preservativo, acrescentaram.

A pesquisa foi realizada em 75 clínicas de 14 países europeus, entre 2010 e 2014.

SWI swissinfo.ch - sucursal da sociedade suíça de radiodifusão SRG SSR

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