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Argentina expande luta contra a covid-19 para teatros e clubes de futebol

Trabalhadores da saúde recebem a vacina Sputnik V contra a covid-19, na quadra de basquete do clube argentino River Plate, em Buenos Aires afp_tickers

Um centro de testes para a covid-19 no lendário Teatro Colón em Buenos Aires ou um ponto de vacinação no clube River Plate: a Argentina usa locais fora do sistema de saúde para expandir sua rede de atendimento contra a covid-19.

A Argentina, com 44 milhões de habitantes, aproxima-se inexoravelmente de dois milhões de casos e as mortes por coronavírus ultrapassam os 48.000 óbitos.

Desde 29 de dezembro, uma campanha nacional de imunização voluntária tem como objetivo vacinar primeiro os profissionais de saúde e depois aqueles com mais de 70 anos de idade.

A única vacina que a Argentina tem no momento é a Sputnik V, do laboratório russo Gamaleya, que acaba de ser validada com êxito científico quando se comprovou que tem uma eficácia superior a 91%.

A Argentina, primeiro país da América Latina a aplicá-la, já recebeu 820 mil doses de um contrato de mais de 19 milhões que prevê até o final de fevereiro.

– A “mensagem” dos clubes e teatros –

No bairro de Núñez, em Buenos Aires, o clube River Plate é um dos 28 postos extra-hospitalares onde o pessoal de saúde é vacinado em Buenos Aires.

No entorno do estádio, o silencioso vaivém das pessoas que vêm para a vacinação contrasta com a agitação anterior dos torcedores antes das partidas.

“A ideia de que os clubes participem é uma mensagem porque têm muita representatividade social”, explicou à AFP Gabriel Batistela, subsecretário de Atenção Básica, Ambulatorial e Comunitária da Cidade de Buenos Aires.

O lustroso parquê do pequeno estádio de basquete foi coberto com cabines de vacinação que atendem cerca de 90 pessoas, oito horas por dia, todos os dias da semana. O plano é aplicar a taxa de 450 vacinas por dia.

À medida que são vacinados, no turno anterior, elas aguardam meia hora em cubículos de observação para controlar eventuais reações adversas.

Silvia Fraiman é uma delas. “Acabo de ser vacinada, estou muito emocionada, animada e grata aos esforços que o governo nacional está fazendo para obter vacinas para todos”, disse a psicólogo de 68 anos à AFP.

Nas próximas etapas de vacinação, o clube Boca Juniors também será um posto fora do hospital, assim como San Lorenzo, Huracán, Vélez Sarsfield, Racing e Atlanta.

A participação dos clubes “adiciona um ponto positivo e uma disseminação da mensagem da vacinação”, afirmou Batistela.

Além dos estádios de futebol, também serão instalados postos de vacinação em museus, centros culturais, fundações, clubes de bairro e casas de repouso, informou a prefeitura de Buenos Aires.

Desde o último fim de semana, o histórico Pasaje de los Carrdamientos, que leva à bilheteria do emblemático Teatro Colón, funcionou como local de coleta para a covid.

Em sua entrada de paralelepípedos, as filas de espectadores são agora pacientes com sintomas compatíveis com a doença, esperando para serem esfregados pelo pessoal de saúde.

No meio do corredor, olham as elegantes bilheterias do Teatro, fechadas desde março de 2020, quando o primeiro coliseu argentino baixou as cortinas por conta da pandemia.

Apesar das funções serem devolvidas sob protocolo nas salas comerciais de Buenos Aires, o Colón permanece fechado.

A diretora do Teatro, María Alcaraz, convocou trabalhadores e artistas da casa para colaborar com a campanha de saúde.

“Para o Teatro Colón esta é talvez a ópera ou obra mais emblemática e mais importante de toda sua vida: emprestar sua infraestrutura a uma causa que tem a ver com a saúde”, relatou à imprensa.

SWI swissinfo.ch - sucursal da sociedade suíça de radiodifusão SRG SSR

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