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Argentina vota nas primárias, teste para eleição presidencial

Presidente Macri (4º da esq. para dir.), em um ato de campanha em Olivos, província de Buenos Aires, em 8 de agosto de 2019 afp_tickers

Mergulhada na recessão econômica, a Argentina realizou neste domingo (11) eleições primárias obrigatórias que servem de teste para a disputa presidencial de outubro, na qual o liberal Mauricio Macri buscará a reeleição contra o peronista de centro esquerda Alberto Fernández.

Os centros de votação fecharam às 18H00. Cerca de 75% dos 34 milhões de eleitores foram às urnas, um percentual considerado alto para as primárias, segundo o ministro do Interior, Rogleio Frigerio.

As primárias darão um ideia melhor do nível de polarização no país, que chega a até 80% em algumas pesquisas. Nessa disputa, será fundamental a margem de diferença entre Macri e Fernández. O último aparece como favorito nas sondagens e tem como vice a ex-presidente Cristina Kirchner (2007-2015).

A terceira opção na corrida eleitoral é a chapa do ex-ministro da Economia Roberto Lavagna com o governador de Salta, Juan Manuel Urtubey, do peronismo de centro.

No total, há dez chapas disputando a presidência, em um universo de 34 milhões de eleitores.

“Será muito difícil verificar uma diferença de mais de cinco pontos, porque devido à polarização não há margem de onde tirar votos”, opinou o analista político Raúl Aragón.

“Acreditemos que fizemos uma boa votação”, disse Marcos Peña, chefe de gabinete de Macri. “Estamos contentes com o resultado que estamos vendo”, acrescentou.

As primárias “sempre dão um resultado preliminar. Em outubro cresce com a maior participação”, acrescentou em coletiva de imprensa.

O primeiro turno está previsto para 27 de outubro e um eventual segundo turno para 24 de novembro.

Fernández, de 60 anos, assegurou que “dois terços votaram contra Macri”. “Temos nosso próprio centro de cômputos. Esperamos que o governo dê os resultados o quanto antes, senão daremos nós”, afirmou.

– Pauta econômica na agenda eleitoral

Assombrados pela inflação, uma das mais altas do mundo, chegando a 22% no primeiro semestre, e por uma pobreza que atinge 32% da população, os argentinos veem diante de si dois projetos antagônicos: o de Macri, que leva adiante um plano de ajuste apoiado pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), e o de Fernández, visto com desconfiança pelos mercados.

Fernández foi chefe de gabinete do já falecido ex-presidente Néstor Kirchner (2003-2007), época em que a Argentina se afastou do Fundo, após cancelar o pagamento dos 9,6 bilhões de dólares ainda devidos ao organismo.

Também foi chefe de gabinete de Cristina Kirchner, até 2008, durante seu primeiro ano de governo.

“Vamos eleger entre dois modelos que já conhecemos. Seria muito difícil superar uma diferença de mais de cinco pontos. Devido à polarização, não há margem de onde tirar votos”, disse à AFP o analista político Raúl Aragón.

“Fernández teve que fazer um trabalho inicial de ‘se deskirchneralizar’. Foi trabalhoso. Depois, destacou a economia, que é o tema do qual o governo foge”, explicou Aragón.

“É uma campanha, onde se busca trabalhar nos aspectos negativos do outro candidato. É uma eleição entre o temor e a decepção: o temor de que o governo Cristina Kirchner volte, com toda sua cota de corrupção, ou a decepção de que siga uma economia como a de Macri, que, em termos sociais, não dá resultados”, considerou o analista político Rosendo Fraga.

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