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As novas tecnologias transformam o acesso à saúde na África

Um técnico da empresa americana Zipline lança um drone usado para entregar bolsas de sangue em 12 de outubro de 2016 em Muhanga, Ruanda afp_tickers

A inteligência artificial, os aplicativos móveis e os drones facilitam o acesso aos cuidados básicos de saúde nos países em desenvolvimento.

Algumas destas soluções, concebidas para revolucionar os tratamentos médicos em locais pobres, foram apresentadas esta semana em Arusha (Tanzânia) na conferência TEDGlobal, uma vitrine das ideias, inovações e criatividade da África.

– Inteligência artificial –

Na África, com países em que há apenas um patologista para um milhão de habitantes, as doenças causadas pelo estilo de vida são às vezes mais problemáticas que as infecciosas.

O especialista em robótica serra-leonês David Sengeh insiste que a formação de novos médicos não basta. Ele trabalha com a equipe da IBM África em algoritmos de inteligência artificial destinados a prever a progressão de um câncer.

Um software de inteligência artificial pode, a partir de uma base de imagens, detectar mudanças de cor no colo do útero e indicar quais pacientes podem sofrer este câncer, que a cada ano mata 60.000 mulheres na África.

Pratik Shah, do Massachusetts Institute of Technology (MIT), desenvolveu um sistema que permite usar fotografias tiradas com um telefone celular (em vez de um escâner ou imagens por ressonância magnética, mais caras) para identificar os marcadores biológicos de um câncer bucal.

Os sistemas de inteligência artificial precisam de milhares de dados para funcionar, mas ele afirma ter encontrado a forma de utilizar apenas 50 imagens para que os algoritmos identifiquem uma doença.

“Acreditamos que nosso enfoque poderia ser usado para diminuir radicalmente o volume de dados que um algoritmo de inteligência artificial usa atualmente, e permitir aos médicos fazer um diagnóstico no paciente utilizando simples imagens”, diz.

– Detecção por telefone celular –

Mais de 1,1 bilhão de pessoas no mundo sofrem perda auditiva, que na metade dos casos é evitável, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).

A americana Susan Emmett, uma cirurgiã otorrinolaringologista, lembra que 80% das pessoas com perda de audição vivem em países com rendas médias ou abaixo da média, onde há escassez de exames auditivos.

Atualmente, ela está testando em comunidades rurais do Alasca uma tecnologia sul-africana de detecção através de telefone celular que prescinde de audiologista, de equipe permanente e de uma sala à prova de som.

Esta tecnologia, que é 10 vezes mais barata que as soluções tradicionais, implica o uso de fones de ouvido que atenuam o som e um adaptador conectado a um telefone celular para examinar o ouvido.

Na conferência também foi visto um vídeo do cirurgião Andrew Bastawrous, que ganhou um Rolex Award em 2016 por “Peek”, um aplicativo para telefone celular que permite medir a visão e detectar doenças.

– Drones –

Em 2016, Ruanda inaugurou um sistema de drones utilizados para transportar sangue a clínicas isoladas neste país montanhoso.

O sistema salvou muitas vidas, assegura Keller Rinaudo, diretor-geral da empresa americana de robótica Zipline, que concebeu os drones e a base de onde decolam.

Os drones agora distribuem 20% das bolsas de sangue fora da capital. Desse modo, foi possível salvar uma mulher de 24 anos que perdia muito sangue depois de dar à luz, diz.

Na semana passada, a Tanzânia anunciou que usará a mesma tecnologia para o transporte de material médico.

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