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Aumento de casos de Covid-19 no Uruguai é ‘razoável’, avaliam cientistas

Funcionário de saúde carrega swabs com material coletado de passageiros de um voo da companhia aérea espanhola Iberia para testagem do novo coronavírus no aeroporto internacional de Ciudad de la Costa, departamento de Canelones, perto da capital uruguaia, Montevidéu, 5 de julho de 2020 afp_tickers

O aumento do número de casos de Covid-19 no Uruguai nos últimos dias é “razoável”, avaliaram nesta quinta-feira os cientistas que assessoram o governo, assinalando que o importante é evitar uma transmissão comunitária em massa do vírus.

Apesar de o Uruguai ter sido muito elogiado por seu controle da crise sanitária, o número de infectados teve um crescimento maior do que o habitual nos últimos dias, devido a focos localizados em instituições médicas de Montevidéu.

“Estamos em uma etapa que se caracteriza pelo surgimento de focos”, disse em entrevista coletiva o bioquímico Rafael Radi, coordenador do Grupo Assessor Científico Honorário (GACH) da presidência, lembrando que o país vive um cenário de retorno gradual das atividades, aumento da mobilidade e abertura progressiva da fronteira. Por isso, esta evolução com surtos “é e será o cenário mais razoável para os próximos meses”, afirmou.

A transmissão comunitária acontece quando não se pode identificar onde teve início o contágio. Em 85% dos casos uruguaios, o vetor da doença é conhecido. Cientistas advertem, no entanto, que esta situação pode mudar rapidamente se a população relaxar as medidas sanitárias.

O engenheiro Fernando Paganini enfatizou que a margem entre uma situação de relativo controle e uma epidemia disseminada é estreita, e citou a Costa Rica como exemplo. “No começo de junho, aquele país estava mais ou menos como o Uruguai, era considerado um exemplo de sucesso. Infelizmente, em julho, houve um aumento para 500 casos por dia, que ultrapassa o número de infecções que se pode acompanhar de forma microscópica”, ilustrou.

– Dados animadores –

O médico Henry Cohen, integrante do GACH, lembrou que o número de casos ativos atuais (149) é muito semelhante ao de dois meses atrás. “Mas como tivemos números melhores, a preocupação é compreensível.”

Os cientistas destacaram o aumento do número de testes diários, com 3.100 realizados ontem, dos quais 1% deu positivo. “É um dado pontual, mas relativamente animador”, indicou Rafael Radi, que, para “dar uma visão mais otimista”, recorreu a comparações regionais: “A média de casos registrados nos últimos dias no Brasil é de 18 a cada 100.000 (habitantes); na Argentina, 8 a cada 100.000; no Uruguai, 0,1 a 0,4 a cada 100.000.”

Sobre os surtos em centros médicos, Henry Cohen lembrou que “equipes médicas, em seu conjunto, constituem um grupo de risco em qualquer epidemia. A experiência internacional mostra que elas têm quatro vezes mais chances de adoecer do que a população em geral, mais ainda se atendem diretamente pacientes com Covid.”

O Uruguai, país de 3,4 milhões de habitantes, ficou vários dias sem registrar novos casos de coronavírus, ou muito poucos, em maio e junho, mas somou 32 testes positivos na última terça-feira e 21 ontem, a maioria ligada a um foco numa instituição médica de Montevidéu, que espalhou casos por outros centros de saúde, deixando a população em alerta. O país contabiliza 1.117 casos e 34 mortos pela Covid-19.

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