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Bolívia diz que reação do Brasil por convocação a embaixador foi “precipitada”

O ministro boliviano das Relações Exteriores, David Choquehuanca, participa de coletiva de imprensa, em La Paz, no dia 3 de agosto de 2016 afp_tickers

A chancelaria boliviana classificou nesta segunda-feira de “precipitada” a reação do novo governo do Brasil, que criticou a decisão de La Paz de chamar seu embaixador para consulta, após o impeachment de Dilma Rousseff.

O ministro David Choquehuanca disse à AFP que “são precipitadas as declarações de nosso irmão chanceler” do Brasil, José Serra, que afirmou que a Bolívia usa o conflito político brasileiro para distrair sua população dos problemas internos e que La Paz deu um “tiro no pé”, ao chamar seu embaixador para consultas.

A Bolívia criticou o impeachment de Dilma e se uniu a outros países que integram a Alba, como Venezuela, Equador e Nicarágua, que expressaram ser contrários ao processo parlamentar que tirou a ex-presidente do poder.

“Eu não sei, por que essas declarações, todos os presidentes podem chamar seus embaixadores para consulta, porque querem ter informação direta”, afirmou o chefe da diplomacia boliviana, que esclareceu que seu governo não retirou seu embaixador em Brasília, como fez a Venezuela.

O embaixador boliviano José Kinn já se encontra na Bolívia, confirmou Choquehuanca, que informou que não dará qualquer explicação ao país vizinho. “Ninguém tem que explicar nada a ninguém, não temos por que dar explicações a alguém, soberanamente os países decidem convocar seus embaixadores”, afirmou.

“Às vezes a pessoa se emociona, não se controla, sai do controle, isso acontece com todas as pessoas, com as autoridades, com os dirigentes de futebol, com os sindicatos, e depois basta refletir”.

Perguntado pela AFP se o novo cenário político no Brasil e as críticas de La Paz ao impeachment afetariam a nova negociação bilateral em andamento para ampliar um contrato de compra-venda de gás, Choquehuanca disse esperar que isso não aconteça.

Bolívia e Brasil estão unidos por uma fronteira comum de 3.133 quilômetros e parte das receitas econômicas bolivianas dependem de seus 30 milhões de metros cúbicos diários de gás que vão, principalmente, para São Paulo.

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