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Bolívia recupera da Alemanha 21 peças arqueológicas pré-colombianas

(Arquivo) O templo Kalasasaya, no sítio arqueológico de Tiwanaku, na Bolívia, no dia 14 de janeiro de 2010 afp_tickers

A Bolívia recuperou 21 peças arqueológicas pré-colombianas, correspondentes às culturas Tiwanaku e amazônica, informou nesta terça-feira o presidente Evo Morales, que propôs a construção de um museu para abrigar os bens indígenas que estão retornando ao país.

Morales afirmou em um ato público que um familiar do fotógrafo alemão Hans Ertl, que chegou à Bolívia com a sua família após o fim da Segunda Guerra Mundial, “decidiu devolver estas peças arqueológicas do altiplano e do oriente boliviano”.

A chancelaria boliviana explicou depois à AFP que foi o neto de Ertl que entregou as peças, que consistem em pedras talhadas, vasilhas e cerâmicas da cultura Tiwanaku e de povos da Amazônia.

Ertl ganhou fama na Bolívia após sua morte, em 2000, aos 92 anos de idade, quando foi revelado que ele esteve ligado à Alemanha nazista e realizou um trabalho de documentação no país sul-americano.

Uma das suas três filhas, Mónica, foi morta a tiros em 1973 após ter sido vinculada ao Exército de Libertação Nacional (ELN), guerrilha que pretendia dar continuidade à experiência armada de Ernesto “Che” Guevara.

A cultura Tiwanaku, uma das mais longevas da América do Sul, se estendeu desde 1.580 antes de Cristo até 1187 depois de Cristo. A zona de influência dessa cultura, assentada nos arredores do lago Titicaca, compartilhado com o Peru, costuma ser o epicentro das atividades religiosas do governo Morales, de etnia aimará.

O presidente expressou a vontade de construir “um grande museu” para reunir as peças arqueológicas que a Bolívia vem recuperando lentamente nos últimos anos.

O chanceler David Choquehuanca disse que “há milhares de peças” no mundo, especialmente na Europa, Estados Unidos e Japão, que deveriam ser devolvidas aos bolivianos.

“Estes bens, esta arte, têm que voltar (à Bolívia), temos que recuperá-los, e nossas embaixadas trabalham nisso”, ressaltou o chefe da diplomacia boliviana, acrescentando que as peças foram “saqueadas, roubadas ou vendidas”.

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