Brasil autoriza retomar testes de vacina chinesa Coronavac contra covid-19
A entidade reguladora sanitária brasileira autorizou, nesta quarta-feira (11), a retomada dos testes clínicos da vacina Coronavac contra a covid-19, desenvolvida pelo laboratório chinês Sinovac, depois de suspendê-los na segunda-feira alegando que um voluntário sofreu "um efeito adverso grave".
"A Anvisa informa que acaba de autorizar a retomada do estudo clínico relacionado à vacina Coronavac, que tem como patrocinador o Instituto Butantan", informou o órgão em nota, no qual esclareceu que as suspensões em fase de testes são comuns e que isso "não significa, necessariamente, que o produto sob investigação não tenha qualidade, segurança, ou eficácia".
A suspensão foi decidida, segundo a Anvisa, por "um efeito adverso grave", do qual disseram não ter mais informações.
O Instituto Butantan, principal produtor brasileiro de vacinas, que assinou acordo com a Sinovac para conduzir os estudos sobre a vacina no país, disse que o incidente não estava relacionado ao medicamento experimental.
As autoridades locais informaram que o voluntário morreu por suicídio.
Após o anúncio da Anvisa, o secretário de Saúde do estado de São Paulo, Jean Gorinchteyn, defendeu "a transparência e a ética" com que o Instituto Butantan opera e lamentou o impacto que a interrupção dos testes possa ter.
"O impacto [da interrupção] não foi cronológico, mas psicológico. Vamos ter um trabalho de convencimento para que alguns se mantenham no estudo", comentou, em entrevista à rede Globonews.
Nesta quarta-feira, a Anvisa justificou sua decisão como "técnica" e com base em "fatos que eram de conhecimento desta Agência no momento da suspensão".
"Após avaliar os novos dados apresentados pelo patrocinador depois da suspensão do estudo (...), a ANVISA entende que tem subsídios suficientes para permitir a retomada da vacinação", acrescentou.
A vacina Coronavac está na fase 3 de estudos no país, a partir de um convênio com o Instituto Butantan, vinculado ao governo de São Paulo. O governador João Doria é o principal adversário político do presidente Jair Bolsonaro.
O diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, disse na segunda-feira que a decisão da Anvisa causou "indignação", enquanto especialistas questionavam a politização das vacinas contra a covid-19. Já são mais de 162 mil mortos no Brasil e 5,7 milhões de pessoas infectadas.
Bolsonaro comemorou a suspensão dos estudos nas redes sociais e a descreveu como uma vitória pessoal.
O laboratório chinês Sinovac Biotech disse estar "confiante" na segurança de sua vacina.