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Brasil supera 130.000 mortos por coronavírus

Militares higienizam ônibus no terminal de Santa Cândida para combater a propagação do coronavírus, em Curitiba, Paraná, em 10 de agosto de 2020 afp_tickers

O Brasil superou, nesta sexta-feira, 130 mil mortes por coronavírus, de acordo com dados oficiais que confirmam uma desaceleração da pandemia, mas que não removem os temores de uma recaída.

O Ministério da Saúde comunicou 874 mortes e 43.178 infecções nas últimas 24 horas, elevando o saldo a 130.396 óbitos e 4.282.164 contaminações.

O país, com 212 milhões de habitantes, é o segundo com mais mortes por covid-19, superado apenas pelos Estados Unidos, e o terceiro em número de casos, atrás dos Estados Unidos e da Índia.

A média diária de mortes é de 696 considerando os últimos sete dias, número que confirma que a onda letal perdeu intensidade.

Do início de junho ao início de agosto, o país se manteve num platô que raramente ficava abaixo das 1.000 mortes diárias em médias semanais.

“Os modelos sugerem que o pico da epidemia já passou (…) e está no início de uma queda, embora ainda em níveis bastante elevados e inaceitáveis”, disse o imunologista Guilherme Werneck, vice-presidente da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco), em seminário organizado esta semana pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).

Tanto o aumento do número de mortos quanto a atual vazante se deram de forma desigual e confusa, devido ao tamanho do país e à falta de coordenação nacional para enfrentar a tragédia.

A média nacional de óbitos é de 616 por milhão de habitantes, segundo dados de quinta-feira. Uma taxa inferior à do Peru (920 mortes/m h) ou da Bélgica (856). Mas esconde grandes disparidades, uma vez que na região Norte chega a 763 e ultrapassa 900 óbitos/milhão de h em estados como Rio de Janeiro (977) e Distrito Federal (943).

A preocupação agora se concentra no desconfinamento precipitado em muitas grandes cidades, que pode provocar uma segunda onda como a observada na Europa.

“Para falar a verdade, a primeira onda ainda não acabou no Brasil”, disse o especialista em modelagem de epidemias Thomas Mellan, do Imperial College de Londres, no seminário da Fiocruz.

Mellan recomenda, para evitar uma recaída, “manter a vigilância nos níveis estadual e municipal”. Algo difícil de colocar em prática no contexto político brasileiro e ainda mais às vésperas das eleições municipais de novembro.

O presidente Jair Bolsonaro, que minimizou a pandemia, foi um crítico feroz das medidas de quarentena impostas por estados e grandes cidades, citando seu impacto econômico.

Werneck alertou que “o aumento da mobilidade pode levar a uma propagação ou prolongamento desta epidemia por muito tempo”.

Também alertou sobre a situação de “grupos vulneráveis, principalmente a população indígena e a população carcerária”, que podem se tornar vetores da doença.

Mais de 31 mil indígenas foram contaminados e 793 morreram da covid-19, segundo dados da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB).

A pandemia “não causou desigualdade, mas exacerbou e gerou mais desigualdade”, disse Werneck.

A guerra entre governadores e o presidente passou para o campo das vacinas, com vários laboratórios realizando seus testes no Brasil.

O ministro interino da Saúde, Eduardo Pazuello, disse na terça-feira que as vacinações poderiam começar “em janeiro” de 2021, com a vacina desenvolvida pela Universidade de Oxford e pela empresa farmacêutica AstraZeneca.

Mas poucas horas depois a AstraZeneca anunciou a suspensão dos testes, quando foi detectada uma reação adversa em um voluntário.

No dia seguinte, o governador de São Paulo, João Doria, declarou que os testes clínicos de uma vacina chinesa mostraram resultados “extremamente positivos” e que uma ampla campanha de vacinação poderia começar em dezembro.

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