Navigation

Brasil tem início de 2021 sombrio com mais de 200 mil mortos pela covid-19

Sepultamento em área reservada a vítimas da covid-19 no cemitério Nossa Senhora Aparecida, em Manaus, 5 de janeiro de 2021 afp_tickers
Este conteúdo foi publicado em 07. janeiro 2021 - 23:34
(AFP)

O número de mortos no Brasil pela covid-19 passou de 200 mil nesta quinta-feira (7) em meio a um repique da pandemia, frustrando as expectativas de que 2021 trouxesse uma trégua para um país cujo governo enfrenta duras críticas por sua gestão errática da pandemia.

O novo coronavírus matou 200.498 pessoas no país, segundo cifras do Ministério da Saúde - o segundo balanço mais mortal do planeta, atrás apenas dos Estados Unidos, onde a covid-19 matou quase 363.000 pessoas.

O Brasil registrou, ainda, um número recorde de novos casos - 87.843 - e o segundo maior número de mortes diárias - 1.524 - desde que a pandemia começou.

Muitos esperavam que a pandemia cedesse em 2021, mas no Brasil o ano começou em meio à polêmica sobre as lacunas no plano de vacinação do governo e o contínuo negacionismo do presidente Jair Bolsonaro sobre a gravidade da covid-19.

A situação ainda pode piorar no país antes de melhorar, alerta Paulo Lotufo, epidemiologista da Universidade de São Paulo.

"Não sei como vamos sobreviver esse mês de janeiro", disse à AFP.

"O pessoal (de saúde) está cansado, foi um sofrimento muito grande".

- A guerra da vacina -

Bolsonaro, que desafia reiteradamente as recomendações dos especialistas para conter a pandemia - contestando os confinamentos, o uso de máscaras, o distanciamento social e outras medidas que considera uma "histeria" - mantém a mesma retórica, enquanto o mundo inicia as campanhas de vacinação.

Seus críticos o acusam de alimentar o ceticismo antivacina ao afirmar que ele próprio não pretende se imunizar e ironizando quem quer fazê-lo, ao sugerir possíveis efeitos colaterais afirmando que "se você virar jacaré, problema seu".

"A gente lamenta, hoje estamos batendo 200 mil mortes [...] mas a vida continua. A gente lamenta profundamente", afirmou Bolsonaro em sua 'live' semanal no Facebook, reiterando as críticas ao confinamento social.

"Não adianta apenas continuar aquela velha história de 'fica em casa que a economia a gente vê depois'. Isso não vai dar certo", continuou o presidente. "Não podemos nos transformar num país de pobres, um país de desempregados".

O Brasil ainda precisa definir uma data para iniciar seu programa de vacinação.

Nesta quinta-feira, o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, afirmou que a imunização começaria "na melhor das hipóteses" até 20 de janeiro, mas disse que poderia ser adiada até fevereiro ou março.

O governo luta para assegurar vacinas suficientes para a população de 211,8 milhões de habitantes. Na semana passada, as autoridades fracassaram na tentativa de comprar seringas em quantidade suficiente, assegurando menos de 3% das 300 milhões que aspiravam conseguir.

"A lista de erros do governo na condução da pandemia é uma coisa sem paralelo no mundo", disse o analista político Sylvio Costa, fundador do site noticioso Congresso em Foco.

"Bolsonaro é o mais teimoso e o mais obcecado dos negacionistas, e está produzindo uma catástrofe aqui no Brasil", acrescentou.

O presidente, que aspira à reeleição em 2022, enfrenta um dilema: em 1º de janeiro, seu governo parou de fazer os pagamentos mensais da ajuda emergencial a 68 milhões de pessoas de baixa renda.

O programa o ajudou a manter sua popularidade durante a pandemia, mas ajudou a disparar o déficit.

"O Brasil está quebrado, chefe. Eu não consigo fazer nada", disse na terça-feira Bolsonaro a um apoiador, que o pressionava a estender o programa, e culpou a "imprensa sem caráter", que - afirmou - teria potencializado a pandemia, pelos apuros da maior economia latino-americana.

Analistas preveem que o país sofrerá uma contração de 4,36% em 2020 e uma decepcionante recuperação de 3,4% este ano.

- Sequência do show de horrores? -

Após finalmente reduzir as curvas de novas infecções e mortes entre setembro e novembro, o Brasil começa o ano novo com lembretes inesquecíveis de estatísticas sombrias e imagens horríveis dos piores dias da pandemia.

Os hospitais de São Paulo e Rio de Janeiro registraram recentemente uma ocupação de mais de 90% nas unidades de terapia intensiva.

Em Manaus, onde foram registradas cenas chocantes de covas coletivas e corpos empilhados em caminhões frigoríficos, em abril, o sistema de saúde voltou a ficar saturado.

Com internações atingido seu nível mais elevado da pandemia, a capital amazonense voltou a mobilizar caminhões frigoríficos para armazenar cadáveres. No sábado, uma corte forçou o governo do estado a fechar estabelecimentos não essenciais por 15 dias para conter os contágios.

Diferentemente da primeira onda, os subúrbios e as áreas rurais agora também estão enfrentando altos registros de casos.

Em todo o Brasil, o número de mortes por covid-19 subiu 65% entre novembro e dezembro.

Especialistas temem que o ritmo volte a se acelerar em janeiro, depois que muitas pessoas de norte a sul do país ignoraram as diretrizes de distanciamento social em grandes festas de fim de ano.

O país confirmou na semana passada os dois primeiros casos da nova cepa, mais contagiosa, detectada inicialmente na Grã-Bretanha.

As dificuldades que o Brasil e outros países enfrentam para controlar o coronavírus vai além de suas fronteiras, afirmou a Federação Internacional da Cruz Vermelha e das Sociedades do Crescente Vermelho.

"O fato é que ninguém está seguro até que todos estejamos seguros", informou. "A natureza deste vírus significa que o mundo só pode ser tão forte quanto o sistema de saúde mais frágil".

Modificar sua senha

Você quer realmente deletar seu perfil?

Boletim de Notícias
Não foi possível salvar sua assinatura. Por favor, tente novamente.
Quase terminado… Nós precisamos confirmar o seu endereço e-mail. Para finalizar o processo de inscrição, clique por favor no link do e-mail enviado por nós há pouco

Leia nossas mais interessantes reportagens da semana

Assine agora e receba gratuitamente nossas melhores reportagens em sua caixa de correio eletrônico.

A política de privacidade da SRG SSR oferece informações adicionais sobre o processamento de dados.