Navigation

Buscas em propriedades de Cristina Kirchner prosseguem na Argentina

Agentes da Polícia Federal da Argentina guardam a entrada do prédio onde mora a ex-presidente Cristina Kirchner, revistado em 23 de agosto de 2018 afp_tickers
Este conteúdo foi publicado em 24. agosto 2018 - 20:32
(AFP)

As batidas nas residências de Cristina Fernández de Kirchner, suspeita de comandar um estendido sistema de corrupção durante sua Presidência, entre 2007 e 2015, prosseguiam nesta sexta-feira (24) com uma batida em sua casa de veraneio em El Calafate, no extremo sul da Argentina.

As buscas começaram no meio da tarde, a cargo dos mesmos peritos que na quinta-feira revistaram outra de suas residências em Río Gallegos, a 300 km de distância, segundo a imprensa local.

Trata-se de uma casa de dois andares com jardim, localizada em frente à imponente geleira Perito Moreno.

Realizadas a pedido de um juiz com forte mobilização policial e transmitidas ao vivo pela TV, as operações começaram na quinta-feira e visam a contrastar os espaços internos das casas com relatos de acusados que fizeram delação premiada no âmbito deste processo judicial. Também servem para comparar as plantas e para escanear paredes e teros.

A outra residência revistada foi o apartamento de Cristina no sofisticado bairro de La Recoleta, em Buenos Aires, em um procedimento que se estendeu por 13 horas e terminou na madrugada desta sexta.

A batida em Buenos Aires chamou a atenção de dezenas de jornalistas, que transmitiram durante horas a movimentação na porta do prédio, e também a mobilização de partidários da ex-presidente, que foram expressar seu apoio.

- "As coisas que nos faltam" -

Cristina Kirchner, que governou a Argentina entre 2007 e 2015, e agora ocupa um assento no Senado, é a pessoa de mais alto escalão investigada no caso conhecido como "os cadernos da corrupção", que implica uma dezena de ex-funcionários kirchneristas e cerca de trinta altos empresários.

O esquema de propinas, contado em detalhes em uma série de diários feitos por um motorista do ministro do Planejamento e que terminaram nas mãos da Justiça, também abarca o mandato do falecido ex-presidente Néstor Kirchner (2003-2007), marido de Cristina.

Segundo estas anotações, empresários do setor da construção entregaram incontáveis bolsas com dólares em dinheiro vivo em troca de contratos de obras públicas. O casal Kirchner teria sido o principal beneficiado.

Os cálculos iniciais apontam a propinas de 160 milhões de dólares. Na lista de envolvidos aparece, os nomes de conhecidos empresários, de Carlos Wagner, presidente da Câmara da Construção, a Angelo Calcaterra, primo do presidente Mauricio Macri.

Em um momento de crise econômica, com inflação projetada de 30% este ano e a queda da atividade econômica, os relatos sobre milhões de dólares escondidos irritam a opinião pública.

O presidente Macri referiu-se indiretamente ao caso nesta sexta-feira, durante ato em Tucumán (norte) no qual disse que "vendo tudo o que aconteceu, entendemos porque faltam as rotas que precisamos, os portos ou mais energia".

"O dinheiro da corrupção explica as coisas que nos faltam e os desafios que temos", acrescentou o presidente, que conduz um ajuste fiscal de acordo com o Fundo Monetário Internacional.

Cristina Kirchner, a personalidade de maior destaque da fragmentada oposição argentina, alega ser vítima de uma campanha de perseguição política e compara seu caso com o do ex-presidente Lula, preso desde abril por corrupção passiva e lavagem de dinheiro.

- "Abuso de autoridade" -

As batidas exigiram a aprovação do Senado, visto que Kirchner, eleita senadora em 2017, tem foro privilegiado.

Sua imunidade como senadora impede que seja presa, embora possa ser acusada e condenada.

Carlos Beraldi, advogado de Kirchner, denunciou nesta sexta por abuso de autoridade e violação dos deveres de funcionário público o juiz Bonadio, que não autorizou sua presença durante a revista no apartamento de Buenos Aires.

"Na hora de uma revista, quem abre a porta, quem se notifica, tem o direito de estar presente. Pela expulsão de Beraldi, é nulo", disse nesta sexta-feira à C5N Alberto Fernández, ex-chefe de Gabinete de Cristina Kirchner.

Kirchner passou a noite de quarta na casa da filha, Florencia, em outro bairro da capital argentina, sem voltar ao apartamento da Recoleta, nem fazer declarações públicas.

Modificar sua senha

Você quer realmente deletar seu perfil?

Boletim de Notícias
Não foi possível salvar sua assinatura. Por favor, tente novamente.
Quase terminado… Nós precisamos confirmar o seu endereço e-mail. Para finalizar o processo de inscrição, clique por favor no link do e-mail enviado por nós há pouco

Leia nossas mais interessantes reportagens da semana

Assine agora e receba gratuitamente nossas melhores reportagens em sua caixa de correio eletrônico.

A política de privacidade da SRG SSR oferece informações adicionais sobre o processamento de dados.