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Cúpula virtual do Mercosul examina flexibilização em meio a tensões

(Arquivo) Presidente Jair Bolsonaro e o ministro da Economia, Paulo Guedes, em cerimônia no Dia Internacional contra a Corrupção, no Palácio do Planalto, em Brasília, em 9 de dezembro de 2021 afp_tickers

Os presidentes do Mercosul analisam, em uma cúpula virtual nesta sexta-feira (17), a flexibilização do bloco, promovida especialmente por Brasil e Uruguai, com resistência da Argentina, em meio a uma das mais graves crises do grupo em três décadas de existência.

Um dos pontos nevrálgicos em debate é a redução da tarifa externa comum (TEC) do bloco, promovida pelo Brasil após uma negociação com a Argentina. Enfrenta a oposição do Uruguai, se não for possível negociar acordos comerciais extra zona, como pretende Montevidéu, sem a necessidade de um acordo dos outros sócios.

Na abertura, o anfitrião Jair Bolsonaro se referiu à revisão da TEC como “meta” da presidência rotativa do Brasil que se encerra com esta cúpula: “Lamentamos que não tenhamos podido lograr acordos”, apesar da “disposição de aceitar uma redução inferior à que planejávamos inicialmente”.

A revisão da TEC, que tributa as mercadorias importadas para o Mercosul, acrescentou Bolsonaro, deve continuar sendo um objetivo prioritário do bloco. Agora, a presidência rotativa fica com o Paraguai.

No início de novembro, o Brasil anunciou sua decisão unilateral de reduzir em 10% as tarifas sobre suas importações, como medida para conter a inflação.

“Foi um movimento de caráter excepcional e temporário”, esclareceu Bolsonaro nesta sexta-feira.

Antes, o Brasil havia chegado a um acordo com a Argentina, que cedeu em sua posição contrária à redução da tarifa externa do bloco, mas o grupo não conseguiu avançar para um corte consensual entre todos os membros, conforme estabelecido pelas normas.

Inicialmente planejado como um encontro presencial em Brasília dos presidentes Alberto Fernández (Argentina), Mario Abdó Benítez (Paraguai), Luis Lacalle Pou (Uruguai), e Bolsonaro, a cúpula acontece online por decisão do governo brasileiro, que não especificou os motivos da mudança.

A imprensa brasileira especulou que o Executivo de Bolsonaro ficou incomodado com a participação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2010) em um evento em Buenos Aires, na semana passada, com o presidente Fernández.

Nos últimos meses, os governos de Argentina e Brasil trocaram farpas, evidenciando divergências bilaterais.

O anúncio do Uruguai, em setembro passado, sobre o início das negociações com a China para um possível acordo bilateral de livre-comércio, também gerou tensões no bloco.

O Mercosul agrupa mais de 300 milhões de habitantes e é a quinta maior economia do mundo, segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI).

SWI swissinfo.ch - sucursal da sociedade suíça de radiodifusão SRG SSR

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