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Chavismo defende prisão contra boicote de eleições

O presidente Nicolás Maduro (C) conversa com três governadores eleitos da oposição, ao lado da primeira-dama Cilia Flores em 24 de outubro afp_tickers

O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, advertiu nesta quarta-feira que os partidos opositores que não participarem das eleições municipais de dezembro poderão ser impedidos de disputar futuras eleições, incluindo a presidencial de 2018.

“Solicitamos (…) que o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) proceda com as medidas draconianas que possam implicar na inabilitação dos partidos que promovem a sabotagem das eleições e que se ausentam do processo”, declarou Maduro.

O presidente informou que as municipais ocorrerão no “próximo dia 10 de dezembro para prefeitos e prefeitas nos 335 municípios da (…) nossa amada Venezuela”.

Maduro provocou a oposição declarando que as municipais terão “as mesmas máquinas eleitorais (…) e o mesmo sistema confiável” das votações precedentes. “Abandonam porque sabem que nestas eleições municipais as forças revolucionárias terão uma grande vitória política, eleitoral, e fogem”.

Horas antes, o Partido Socialista Unido da Venezuela (chavista) havia solicitado ao poder eleitoral a prisão dos opositores que boicotarem as eleições municipais de dezembro.

“Solicitamos ao Conselho Nacional Eleitoral (CNE) que preserve o direito dos venezuelanos de votar e adote as medidas estabelecidas na Constituição (…) contra os partidos que impeçam os direitos políticos”, declarou em entrevista coletiva o dirigente do partido Jorge Rodríguez.

Pouco depois, o procurador-geral, Tarek William Saab, anunciou que o Ministério Público prepara uma investigação contra vários cidadãos que têm defendido “ignorar as instituições e banhar o país de sangue”.

“Ninguém tem o direito de fazer o que quer porque não gosta de certo evento eleitoral, incendiar o país”, destacou Saab.

Rodríguez recordou que a pena por impedir o exercício dos direitos políticos mediante “violência, ameaça ou tumulto” é de até 30 meses de prisão.

O político declarou ainda que está proibida propaganda eleitoral “que desestimule” o voto.

“Partidos como Vontade Popular (de Leopoldo López) e Primeiro Justiça (de Henrique Capriles) estão convocando à violência. Que se adotem ações”, pediu Rodríguez ao CNE.

O dirigente atacou especialmente o vice-presidente do Parlamento, Freddy Guevara, da Vontade Popular. “Incluímos nisto o bonsai de Hitler, conhecido por Freddy Guevara”.

Vontade Popular, Primeiro Justiça e Ação Democrática, os três principais partidos da Mesa da Unidade Democrática (MUD), rejeitam as eleições municipais por considerar que não há transparência no processo.

A oposição ignora ainda as eleições estaduais de 15 de outubro, na qual os chavistas de Maduro conquistaram 18 dos 23 governos.

A MUD, que levou as cinco prefeituras restantes, denunciou irregularidades e violência no processo eleitoral.

“Como tomaram uma surra, voltam a apelar à violência e à sedição”, declarou Rodríguez.

SWI swissinfo.ch - sucursal da sociedade suíça de radiodifusão SRG SSR

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