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Chavismo instala novo Parlamento na Venezuela, prometendo 'exorcizar' era Guaidó

Apoiadores do chavismo celebram em Caracas um novo Parlamento controlado pelo partido no poder afp_tickers
Este conteúdo foi publicado em 05. janeiro 2021 - 21:09
(AFP)

Levantando retratos de Hugo Chávez e do herói Simón Bolívar, o chavismo assumiu o controle do novo Parlamento venezuelano nesta terça-feira (5), enquanto o líder da oposição, Juan Guaidó, tenta manter um Congresso paralelo com apoio internacional.

Com 256 dos 277 assentos conquistados em 6 de dezembro em eleições boicotadas pela maioria da oposição, que as chamou de "fraude", o Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV) e seus parceiros políticos passaram a dominar a Assembleia unicameral Nacional no período 2021-2026.

Até agora, foi o único poder que escapou do rígido controle do presidente Nicolás Maduro.

"Fomos obrigados ao exorcismo" após cinco anos de oposição no Parlamento, lançou o ex-ministro da Comunicação Jorge Rodríguez, eleito por aclamação para presidir a Câmara no primeiro ano de sessões.

"Borrifamos água benta em todos os cantos das paredes", acrescentou ele com ironia.

Rodríguez convocou um "grande diálogo político", do qual participe todo o espectro da oposição, inclusive quem boicotou as legislativas.

Mas negou uma "reconciliação com amnésia" em relação à legislatura anterior da Assembleia, no qual Guaidó foi proclamado presidente interino, em 2019, e promoveu uma avalanche de sanções para tentar forçar a saída de Maduro. "Coloquem sanções onde quiserem (...) são inúteis", disse ele.

Durante a campanha, Maduro e os candidatos do PSUV propuseram uma legislação para punir "traidores" como Guaidó e os congressistas da maioria opositora da Assembleia em fim de legislatura. O presidente disse se sentir "muito otimista" com este chamado a "um diálogo inclusivo, de todo o país".

Imediatamente, em nota do Departamento de Estado, o chefe da diplomacia americana, Mike Pompeo, rejeitou o Parlamento eleito pelo chavismo por considerá-lo "ilegítimo", e qualificou de "farsa" as eleições de dezembro, afirmando que para Washington, a única autoridade "legítima" na Venezuela são o Parlamento eleito em 2015 e seu líder, Guaidó.

- Ruas bloqueadas -

As ruas próximas ao Palácio Legislativo, no centro de Caracas, foram bloqueadas por policiais e militares.

Apenas um pequeno grupo de apoiadores do chavismo conseguiu acesso, em meio a um confinamento decretado por Maduro esta semana devido à pandemia de covid-19, confirmou a AFP.

Usando máscaras, os parlamentares chavistas se reuniram na Praça Bolívar, onde fizeram uma coroa de flores e depois marcharam, com música folclórica ao fundo e sem distanciamento social, carregando retratos de Chávez em uniforme militar e também de Simón Bolívar.

Um ato semelhante foi apresentado em 2017, antes da instalação da Assembleia Constituinte (ANC) 100% chavista para neutralizar o trabalho do Parlamento, então controlado pela oposição.

Agora que o chavismo recuperou a câmara, a Constituinte suspendeu funções.

A diretoria do novo Parlamento é composta por Iris Varela como primeira vice-presidente e Didalco Bolívar como segundo, ambos altas personalidades do chavismo.

- "Estamos de pé" -

A maioria da oposição no antigo Parlamento, que quebrou 15 anos de hegemonia chavista em 2015, aprovou no dia 26 de dezembro a “continuidade” do seu mandato até que se realizem eleições presidenciais e legislativas "livres, justas e verificáveis".

“Apesar do show que estão fazendo no Palácio Legislativo Federal sequestrado por uma ditadura que ninguém reconhece (...) Estamos aqui, de pé”, disse Guaidó nesta terça-feira em sessão virtual na qual foi ratificado como presidente por mais um ano.

O ato foi realizado em local não revelado por "segurança", de acordo com a equipe do líder da oposição.

Foi do cargo de chefe do Parlamento que Guaidó reivindicou a presidência interina depois que parlamentares da oposição declararam Maduro um "usurpador", o acusando de ter sido reeleito fraudulentamente em 2018.

- Questionamentos renovados -

A instalação do novo Parlamento de linha chavista coincide com o fim da presidência de Donald Trump, o principal aliado de Guaido, nos Estados Unidos.

Maduro já fez vários apelos ao diálogo dirigidos ao sucessor de Trump, o democrata Joe Biden, que chega à Casa Branca em 20 de janeiro.

No entanto, ao renovar seu apoio a Guaidó, Washington pediu nesta terça-feira que o líder e aqueles que o apoiam sejam livres de "assédio, ameaças, perseguições e outros abusos" por parte do governo socialista de Maduro, que os ameaçou com mão pesada.

Os vizinhos Brasil e Colômbia, além do Uruguai, ratificaram nesta terça-feira que não conhecem o Legislativo Chavista. "Continuaremos trabalhando" com Guaidó, escreveu no Twitter o chanceler brasileiro, Ernesto Araújo.

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