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Chile processa 15 ex-agentes da ditadura por morte de diplomata espanhol

Membros da Associação de Familiares de Presos Executados protestam, em Santiago, contra Manuel Contreras, chefe da polícia política da ditadura de Augusto Pinochet, falecido em 7 de agosto afp_tickers

A Suprema Corte chilena decidiu processar 15 ex-agentes da Dina, a temida polícia política da ditadura de Augusto Pinochet, acusados do sequestro e homicídio do diplomata espanhol Carmelo Soria, em 1976, ao revogar, nesta quarta-feira, uma sentença anterior.

Em uma decisão dividida, a máxima corte processou os 15 ex-agentes por “associação criminosa e homicídio qualificado” e “revogou a resolução do ministro de instrução do máximo tribunal, Lamberto Cisternas, que rejeitou os processos em 2014”, informou o Poder Judiciário em um comunicado.

Soria, um diplomata espanhol e ex-funcionário da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL), foi sequestrado, torturado e assassinado por agentes da Dina. Seu corpo foi encontrado dentro do seu veículo, em julho de 1976, segundo as investigações do caso.

Após encerrado o caso, a família da vítima pediu à Suprema Corte a reabertura das investigações, o que foi deferido pelo máximo tribunal chileno, pois envolve um cidadão de país estrangeiro.

Entre os acusados no caso estão o cidadão americano e ex-agente da CIA, Michael Townley, também envolvido nos atentados em que morreram o ex-chanceler chileno Orlando Letelier, em 1976, em Washington, e o general Carlos Prats, em 1974, em Buenos Aires, dois dos casos mais emblemáticos da ditadura chilena.

Townley está atualmente nos Estados Unidos, sob um programa de proteção a testemunhas, após ter fornecido informações importantes sobre o caso Letelier. Outros dois processados, Armando Fernández Larios e Virgilio Paz Romero, também estão na América do Norte.

Outros três acusados cumprem penas de prisão por outras acusações de violação dos direitos humanos e o restante deverá ser detido, explicou o Poder Judiciário.

Por este caso, a Espanha solicitou em 2013 a extradição de sete ex-agentes da ditadura, entre eles Manuel Contreras, que chefiou a Dina, condenado a más de 500 anos de prisão por violações e aos direitos humanos, morto em 7 de agosto passado.

O Chile negou a extradição nesta ocasião, afirmando que os envolvidos já eram investigados por este caso ou eram parte de outros processos.

A ditadura de Pinochet (1973-1990) deixou um saldo de 3.000 mortos e 38.000 torturados, segundo informação oficial.

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