Navigation

Colômbia pede perdão a jornalista torturada em julgamento internacional

Jineth Bedoya, vítima do conflito armado colombiano afp_tickers
Este conteúdo foi publicado em 23. março 2021 - 20:25
(AFP)

A defesa do Estado colombiano pediu perdão nesta terça-feira (23) à jornalista Jineth Bedoya perante a Corte Interamericana de Direitos Humanos pelo sequestro, estupro e torturas sofridas há duas décadas nas mãos de paramilitares com a suposta cumplicidade de agentes oficiais.

O diretor-geral da Agência Nacional de Defesa Jurídica do Estado colombiano, Camilo Gómez, aceitou "a responsabilidade internacional pelas falhas do sistema judicial" e "pelo descumprimento do dever de devida diligência na investigação das ameaças" denunciadas por Bedoya, Prêmio Mundial à Liberdade de Imprensa da Unesco em 2020.

A Corte IDH, órgão judicial da Organização de Estados Americanos (OEA), determina a responsabilidade da Colômbia na agressão sofrida pela comunicadora no ano 2000.

O Estado "pede perdão a Jineth Bedoya por estes fatos e pelo dano que lhe causaram" e "reconhece que estas omissões vulnerabilizaram seus direitos à dignidade, a ter um plano de vida, à integridade pessoal, às garantias judiciais e à proteção judicial", acrescentou Gómez.

A jornalista colombiana trabalhava para o jornal El Espectador, quando um grupo de paramilitares a sequestrou em frente à prisão La Modelo, em Bogotá, e posteriormente a torturou e violentou durante 16 horas, antes de abandoná-la nua à beira de uma estrada.

Bedoya investigava uma rede de tráfico de armas no centro penitenciário e seu sequestro ocorreu com a cumplicidade de agentes do Estado, especialmente de um "influente" general de Polícia, segundo o testemunho que ela deu à corte.

Os paramilitares, alguns já condenados por esta agressão, eram milicianos de ultradireita que combatiam violentamente as guerrilhas esquerdistas na Colômbia, até sua desmobilização em 2006.

Um ano antes do sequestro, Bedoya e sua mãe, Luz Nelly Lima, foram vítimas de um atentado que também faz parte do expediente. O Estado se desculpou "pela falta de investigação sobre o ataque" ocorrido em 1999.

"O dano causado à minha mãe e a mim pelas violações que vimos sofrendo há mais de 20 anos e à impunidade nas quais se mantêm não nos permitiu encerrar o ciclo de violência e recuperar nossa vida", declarou a jornalista.

Bedoya pediu medidas protetivas para ela e sua mãe, assim como o fechamento da prisão La Modelo e sua transformação em centro de memória.

As partes envolvidas no processo têm até 23 de abril para apresentar suas alegações finais por escrito.

As sentenças da Corte IDH, com sede em San José da Costa Rica, são definitivas e inapeláveis.

Modificar sua senha

Você quer realmente deletar seu perfil?

Não foi possível salvar sua assinatura. Por favor, tente novamente.
Quase terminado… Nós precisamos confirmar o seu endereço e-mail. Para finalizar o processo de inscrição, clique por favor no link do e-mail enviado por nós há pouco

Leia nossas mais interessantes reportagens da semana

Assine agora e receba gratuitamente nossas melhores reportagens em sua caixa de correio eletrônico.

A política de privacidade da SRG SSR oferece informações adicionais sobre o processamento de dados.