Comissão da Unasul anuncia gestões para diálogo na Venezuela
Uma comissão da Unasul iniciará gestões para conseguir um diálogo entre o governo e a oposição diante da grave crise que a Venezuela atravessa, anunciou nesta quinta-feira o ex-presidente do governo espanhol, José Luis Rodríguez Zapatero, que dirige a missão.
“Vou pedir à comunidade internacional que apoie este objetivo de um grande diálogo nacional e que possamos ter, em um prazo razoável, uma agenda”, declarou em coletiva de imprensa Zapatero, após reunir-se com o presidente Nicolás Maduro e líderes da oposição.
Os outros mediadores são o ex-presidente da República Dominicana Leonel Fernández e do Panamá Martín Torrijos.
“O presidente Maduro e os representantes da (coalizão opositora Mesa da Unidade Democrática) MUD expressaram vontade e uma atitude que devo agradecer de respeito e confiança em nosso trabalho”, afirmou Rodríguez Zapatero, pedindo “prudência”.
As gestões da União das Nações Sul-americanas (Unasul) surgem em um momento em que a tensão política aumenta na Venezuela devido às tentativas da oposição, que controla o Parlamento, de ativar um referendo revogatório contra Maduro.
O presidente decretou na sexta-feira passada um estado de exceção, que analistas interpretam como uma manobra para evitar a consulta, que o próprio Maduro considera “inviável”.
Tudo isto ocorre em meio a uma crise econômica que se reflete em uma profunda escassez de alimentos e medicamentos, na inflação mais alta do mundo (180,9% em 2015 e projetada pelo FMI em 700% para 2016) e altos índices de insegurança.
Zapatero previu que o caminho que se inicia para um “diálogo nacional” será “longo, duro e difícil”.
Mas, “é o caminho de que precisa a Venezuela, o caminho do diálogo nacional que aborde os problemas sociais, econômicos, institucionais, de convivência pacífica, de liberdades”, afirmou.
A comissão terá uma subcomitiva liderada por Fernández para tratar das questões econômicas, especialmente o desabastecimento, mas também para conseguir a reativação do crescimento econômico (o PIB recuou 5,7% em 2015) e “cada um dos indicadores que expressam desequilíbrio”.
“Haverá diálogo (…) entre governo, integrantes da MUD, especialistas econômicos, setor privado, que podem nos fornecer os insumos para tentar levar a economia por caminhos de confiança e estabilização”, disse Fernández.
Rodríguez Zapatero também pediu a “máxima colaboração de todos os representantes”.
A “tarefa é enorme, mas a determinação e a vontade da Unasul e dos que acompanhamos esta missão é firme, decidida. Não vamos descansar até que este processo comece e possa dar resultados”, reforçou.