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Comunidade internacional pede investigação e Ucrânia acusa russos por queda de avião

Socorristas e bombeiros passam ao lado do corpo de um passageiro, no local da queda do avião afp_tickers

Líderes internacionais pediram uma investigação confiável sobre a queda de um avião malaio com 298 pessoas a bordo no leste da Ucrânia, enquanto Kiev acusou nesta sexta-feira os russos pela tragédia, que provocou choque entre a comunidade internacional.

As equipes de resgate que trabalham no local da tragédia anunciaram que encontraram uma das caixas-pretas, mas isto pode não ajudar a determinar a origem do suposto míssil que atingiu a aeronave. As autoridades ucranianas e os separatistas pró-Rússia trocam acusações pelo lançamento do projétil.

O primeiro-ministro ucraniano, Arseni Yatseniuk, acusou diretamente nesta sexta-feira a Rússia.

“Os russos foram longe demais. É um crime internacional cujos responsáveis devem ser julgados em Haia”, afirmou.

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, pediu uma investigação “rápida” e “sem obstáculos” durante uma conversa por telefone com Mark Rutte, primeiro-ministro da Holanda, de onde procediam 154 passageiros que viajavam no avião da Malaysia Airlines.

O governo dos Estados Unidos exigiu a todas as partes envolvidas – Ucrânia, separatistas pró-Moscou, Rússia – um “cessar-fogo imediato”.

No local da queda do avião malaio estavam espalhados dezenas de corpos, sem sinais de sobreviventes.

Os rebeldes pró-Rússia concordaram em permitir o acesso dos investigadores ao local, sem obstáculos, anunciou a Organização para a Segurança e a Cooperação na Europa (OSCE).

Analistas dos serviços de inteligência americanos acreditam que um míssil terra-ar atingiu o Boeing 777, que decolou de Amsterdã e tinha como destino Kuala Lumpur.

As mesmas fontes afirmaram que as informações estão sendo revisadas para determinar se o míssil foi ou não lançado por separatistas pró-Rússia.

Para o porta-voz da Casa Branca, Josh Earnest, o que aconteceu é “consequência de uma crise na Ucrânia alimentada pelo apoio russo aos separatistas, inclusive com armas, material e treinamento”.

O presidente russo, Vladimir Putin, afirmou, em uma conversa telefônica com o primeiro-ministro holandês, que a “tragédia demonstrou de novo a necessidade de uma solução urgente e pacífica para a crise aguda na Ucrânia”.

Muitos passageiros do avião da Malaysia Airlines viajavam para uma conferência mundial sobre a Aids que acontecerá no fim de semana em Melbourne, anunciou o diretor UNAIDS (agência da ONU para o combate ao HIV), Michel Sidibe. Entre as vítimas estava o cientista holandês Joep Lange, figura internacional da luta contra a pandemia.

Além dos 154 holandeses, o avião transportava 43 malaios – incluindo 15 membros da tripulação -, 27 australianos, 12 indonésios, nove britânicos, quatro alemães, cinco belgas, três filipinos e um canadense.

A nacionalidade dos demais passageiros ainda não foi determinada.

A imprensa da Holanda denunciou um “crime atroz”. A imprensa russa questiona a identidade dos responsáveis pela tragédia.

Mensagens incluídas em sites dos rebeldes – rapidamente apagadas – e conversas interceptadas pelos serviços de segurança ucranianos dão a entender que o avião pode ter sido derrubado por engano pelos insurgentes, que teriam confundido o Boeing com um avião militar ucraniano.

Se for confirmada a hipótese – que deve ser encarada com prudência no contexto de uma violenta guerra de propaganda e desinformação -, a posição dos separatistas e de seu aliado, o presidente Putin, sofreria um abalo considerável.

burs-fmp/fp

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