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Confronto ácido marca último debate antes do segundo turno no Chile

Os candidatos à Presidência do Chile, Gabriel Boric (E), do partido Aprovo Dignidade, e José Antonio Kast, do Partido Republicano, posam para fotos antes do último debate antes do segundo turno das eleições em Santiago, 13 de dezembro de 2021 afp_tickers

O ultradireitista José Antonio Kast e o esquerdista Gabriel Boric tiveram um confronto ácido nesta segunda-feira (13), no último debate com vistas ao segundo turno das eleições presidenciais no Chile, no próximo domingo.

Desafiado durante toda a campanha a se submeter a um teste de drogas por Kast, o jovem deputado de esquerda, de 35 anos, surpreendeu o concorrente e os espectadores ao mostrar os resultados de um exame de drogas durante o debate televisionado.

“Aqui está para tirar a dúvida. Chega de mentiras”, disse Boric, ao mostrar ao vivo o papel com os resultados negativos.

“Não se constrói encontro com ironias”, emendou o candidato de esquerda, dirigindo-se a Kast, ao descartar que o prefeito do bairro da Recoleta, o comunista Daniel Jadue – derrotado por Boric nas primárias – vá ser seu ministro do Interior caso ele seja eleito.

Com a idade mínima para se candidatar à Presidência, Boric representa a coalizão Aprovo Dignidade, que reúne a Frente ampla – da qual o candidato faz parte – e o Partido Comunista.

Kast, do ultraconservador Partido Republicano – fundado por ele – venceu o primeiro turno em 21 de novembro e conseguiu alinhar em torno de seu nome todos os partido da direita chilena.

“Quantas coisas mais não sabemos sobre você, Gabriel, e vamos conhecendo à medida que é flagrado e vamos questionando para que você peça perdão”, disparou Kast a Boric em um debate pobre em propostas concretas e rico em polêmicas pessoais.

– “O violento” versus “a ordem” –

Kast critica o esquerdista por “validar” a violência dos grupos guerrilheiros de esquerda que combateram a ditadura de Augusto Pinochet (1973-1990) e por ter se reunido em Paris com Ricardo Palma Salamanca, um dos autores do assassinato do senador ultraconservador Jaime Guzmán, em abril de 1991.

Outro aspecto da polêmica campanha foi a confirmação feita por Boric de um encontro com a ex-presidente socialista Michelle Bachelet (2006-2010; 2014-2018), hoje alta comissária de Direitos Humanos da ONU, que chegou ao país no sábado.

“Nos reunimos para conversar. Tivemos uma conversa muito boa”, disse Boric, ao confirmar informações a respeito publicadas na imprensa mais cedo.

Perguntado em uma entrevista coletiva posterior, o deputado afirmou que se tratou de uma conversa “longa” e que os dois falaram do “Chile, do mundo, do humano e do divino”, sem dar mais detalhes.

O cargo ocupado por Bachelet a impede de demonstrar qualquer tipo de apoio político, especialmente em seu país de origem.

Com vistas ao segundo turno de domingo, Kast e Boric moderaram suas propostas, introduzindo mudanças em seus programas de governo.

Kast voltou atrás na ideia de acabar com o Ministério da Mulher e reverter a lei do aborto terapêutico, entre outras medidas. Também adicionou gradatividade à sua redução de impostos para as grandes empresas.

Boric, por sua vez, reduziu de 8% a 5% o percentual de arrecadação do PIB da reforma tributária que pretende impulsionar para financiar a ampliação dos programas sociais.

No próximo domingo, mais de 15 milhões de chilenos são chamados voluntariamente a eleger o sucessor do conservador Sebastián Piñera. No primeiro turno, a participação do eleitorado foi de apenas 47%.

Pesquisas realizadas antes da proibição eleitoral, que começou em 4 de dezembro, situam Boric como o vencedor por uma pequena margem sobre Kast.

SWI swissinfo.ch - sucursal da sociedade suíça de radiodifusão SRG SSR

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