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Confrontos entre policiais e manifestantes mapuches termina em um morto no Chile

Policiais do Batalhão de Choque enfrentam manifestantes em protesto de indígenas mapuches no centro de Santiago, em 10 de outubro de 2021 afp_tickers

Os confrontos, no domingo (10), entre a polícia e manifestantes durante uma marcha em Santiago a favor do povo mapuche, terminaram com um saldo de um morto, 10 detidos e 17 feridos – informaram as autoridades.

A vítima fatal, Denisse Cortés, de 43 anos e advogada da Defensoria Popular, participava da manifestação com os mapuches quando se aproximou dos policiais para falar.

Um grupo de encapuzados lançou fogos de artifício e “um deles atingiu a manifestante que estava com os ‘Carabineros’ (policiais)”, relatou o chefe da polícia da região metropolitana, Enrique Monras.

A mulher foi transferida para o Hospital de Urgências de Santiago, onde foi operada.

“Infelizmente, a paciente morreu durante a intervenção à tarde”, informou o hospital, em um comunicado do hospital.

O Ministério Público abriu uma investigação “para esclarecer o que aconteceu injustamente nesta violência desproporcional”, declarou o ministro do Interior, Rodrigo Delgado.

O protesto também deixou 17 “carabineros” feridos em diversos graus, nove pessoas foram presas por distúrbios, e uma, por porte de arma, segundo a polícia.

Convocada pelas redes sociais, a “Marcha pela Resistência Mapuche e pela Autonomia dos Povos” reuniu cerca de mil pessoas perto da Plaza Italia, no centro da capital chilena, incluindo vários representantes de comunidades mapuches.

Quando a marcha se dirigia para a Alameda, principal avenida de Santiago, a polícia dispersou o protesto com um forte contingente de policiais apoiados por canhões d’água e gás lacrimogêneo.

Os manifestantes responderam com paus e pedras em confrontos que duraram pelo menos 40 minutos, segundo um jornalista da AFP no local.

Durante a marcha, foram observados cartazes com inscrições como “Wallmapu (território mapuche) livre”, ou “eles não vão deter nossa legítima luta”, uma alusão ao conflito histórico entre os indígenas e o Estado chileno. Esta população nativa exige a restituição de terras no sul do país, as quais consideram suas por direito ancestral e que foram entregues a particulares, principalmente a silvicultores.

As reivindicações mapuches ganharam força nos protestos após a eclosão social nas ruas chilenas, em 18 de outubro de 2019.

A Convenção Constituinte – que marca 100 dias nesta terça-feira (12) desde que começou a redação de uma nova Constituição para o país – é presidida pela acadêmica mapuche Elisa Loncon. Do total de seus 155 membros, 17 são representantes de dez povos indígenas.

Sete constituintes representam o povo mapuche, que espera resolver as demandas indígenas na nova Carta Magna.

A falta de uma solução para as reivindicações mapuches causou uma escalada da violência na última década nas regiões de La Araucanía, Biobío e Los Ríos, com ataques incendiários a propriedades privadas e a caminhões.

Também veio à tona a presença de organizações do narcotráfico e de milícias de autodefesa, bem como de operações policiais montadas para culpar os indígenas.

SWI swissinfo.ch - sucursal da sociedade suíça de radiodifusão SRG SSR

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