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Corte da ONU pede à Colômbia fim da interferência nas águas da Nicarágua

Ex-procurador-geral da Colômbia Carlos Gustavo Arrieta (à dir.) conversa com embaixador da Nicarágua, Carlos José Argüello, antes de audiência sobre disputa fronteiriça na CIJ, em Haia, em 17 de março de 2016 afp_tickers

A Corte Internacional de Justiça da ONU (CIJ) determinou que a Colômbia violou direitos soberanos nas águas do Mar do Caribe que este tribunal reconhece como pertencentes à Nicarágua e ordenou que o país “cesse imediatamente” esta conduta.

Por 10 votos a 5, os juízes da CIJ, em Haia, consideraram que a Colômbia “violou os direitos soberanos e jurisdicionais da Nicarágua” e, por 9 votos a 6, declararam que a Colômbia “deve cessar imediatamente essa conduta”.

Essa polêmica entre os países tem origem em um julgamento da própria CIJ em 2012, que reconheceu a soberania da Colômbia no arquipélago de San Andrés, Providencia e Santa Catalina, no Caribe, mas reconheceu, ao mesmo tempo, a jurisdição da Nicarágua nas águas circundantes.

Em 2013, a Nicarágua entrou com uma ação nesta corte, alegando que a Colômbia interferia nas atividades pesqueiras e científicas em águas sob sua jurisdição. Desde então, o processo se arrastava em Haia. A Colômbia alegou que isso se devia ao cumprimento de seus compromissos na luta contra o narcotráfico e na proteção do meio ambiente nessas águas.

Em uma nota, o governo do presidente Daniel Ortega aplaudiu a resolução da CIJ, que “dá razão à Nicarágua, ao confirmar que a Colômbia implementou uma política de Estado que violou a jurisdição e os direitos soberanos” desta nação centro-americana.

Também em declaração à imprensa, o presidente colombiano, Iván Duque, celebrou como “fundamental” que a Marinha possa continuar “fazendo presença” e exercendo seu “direito à livre-navegação e sobrevoo na área”, o que lhe permite “lutar contra os delitos transnacionais e o narcotráfico”.

Duque não fez, no entanto, qualquer menção ao pedido da CIJ para que interrompa sua interferência nestas águas.

Em conversa com jornalistas, o agente colombiano e principal negociador no caso, Carlos Gustavo Arrieta, destacou que a Corte não mencionou o caso da presença colombiana nessas águas.

“Manteve a possibilidade de que navios colombianos estejam lá e realizem operações contra o crime organizado”, afirmou.

A Corte Internacional de Justiça, principal órgão judicial do sistema ONU, foi criada em 1946 para resolver disputas entre Estados. Os países são obrigados a implementar as decisões da CIJ, que são definitivas, não cabendo, portanto, recurso.

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