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Dívida e retração econômica, os desafios do próximo governo no Equador

O candidato à presidência do Equador, Yaku Pérez, no Equador, em 7 de fevereiro afp_tickers
Este conteúdo foi publicado em 02. fevereiro 2021 - 17:04
(AFP)

O Equador, que se prepara para eleger um novo presidente no domingo, enfrenta uma endividamento externo crônico e uma crise financeira agravada pela pandemia e pela instabilidade no preço do petróleo, do qual sua economia é dependente.

Após a bonança petrolífera de seu antecessor, o socialista Rafael Correa (2007-2017), o presidente Lenín Moreno enfrentou sérias dificuldades econômicas, que o levaram a aumentar a dívida, recorrendo a organismos de crédito como o Fundo Monetário Internacional (FMI).

"Apoiar-se no Fundo é uma maneira de ordenar as coisas com uma boa assessoria", afirmou à AFP o analista Pablo Lucio Paredes, professor da Universidade San Francisco de Quito.

Essa estratégia deu um alívio à economia dolarizada do Equador, mas o passivo externo passou de cerca de 26.897 milhões (26% do PIB) para cerca de US$ 42.383 milhões (44% do PIB) entre maio de 2017, quando Moreno assumiu o cargo, e em novembro passado, segundo os últimos dados disponibilizados pelo Banco Central.

A situação, que os críticos do correísmo atribuem aos desperdícios durante aquela década em que o petróleo manteve uma média elevada, agravou-se com o aparecimento da covid-19, que para além de um impacto económico desencadeou uma crise social e na saúde.

"Em um ambiente de fraqueza, de má gestão econômica, o coronavírus nos encontra despreparados e amplifica todos os problemas", explica à AFP o analista Alberto Acosta Burneo, do grupo Spurrier.

A pandemia deixa perdas estimadas em mais de US$ 6,4 bilhões na economia como um todo, que deverá apresentar uma contração de 8,9% em 2020, segundo projeção oficial.

Além disso, tem afetado o mercado de trabalho: a taxa de desemprego passou de 3,8% em dezembro de 2019 para 8,59% em setembro do último ano, segundo os últimos dados divulgados.

- Brecha fiscal -

Embora as previsões apontem para uma recuperação de 3,1% da economia equatoriana em 2021, grandes desafios aguardam o próximo governo.

O principal deles será "reduzir uma brecha fiscal que gira em torno de US$ 5 bilhões", afirmou Acosta, que defende "a via ortodoxa de colocar a situação fiscal em ordem, assim como os gastos" para canalizar a economia.

Os favoritos para a eleição presidencial são o economista de esquerda Andrés Arauz (35), Delfín de Correa e o ex-banqueiro de direita, Guillermo Lasso (65), assim como o líder indígena Yaku Pérez (51), alinhado com a esquerda.

Os candidatos propõem diferentes modelos econômicos para este país de 17,4 milhões de habitantes. O contraponto está "na outra via, a heterodoxa ou o criativa, entre aspas, em que se diz que austeridade é ruim", afirma Acosta, referindo-se à proposta de Arauz.

Para reativar a economia em meio à pandemia, Arauz promete entregar US$ 1.000 a um milhão de famílias em seu primeiro mês de mandato, caso se torne presidente. Lasso e Pérez concordam com a proposta de gerar um milhão de empregos em um hipotético primeiro ano de governo.

- Oxigênio -

No governo Moreno, foram implementadas medidas para reduzir a dependência do petróleo, principal produto de exportação. O país se abriu à mineração industrial em 2019 e pretende que esse setor contribua com 4% do PIB em 2021, ante 1,6% naquele ano.

Moreno, que entregará o poder no dia 24 de maio, "fez várias coisas boas" como "a redução de gastos, algumas reformas trabalhistas, combate à corrupção, direcionamento de acordo de livre comércio com os Estados Unidos", observou Paredes.

Depois de obter novos empréstimos, o governo Moreno em agosto passado chegou a um acordo com seus credores para reestruturar cerca de US$ 17,4 bilhões do passivo de títulos.

É "a maior conquista de Moreno", considerou Acosta sobre uma redução de US$ 1,54 bilhão no capital e uma diminuição na taxa de juros média de 9,2% para 5,3%.

Isso dará oxigênio ao novo governo.

"Todos os credores podem ter certeza de que respeitaremos a renegociação", ressaltou Lasso, enquanto Arauz opinou que isso "dá ao país espaço para respirar por vários anos".

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