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Em Nova York, Dilma rechaça financiamento ilegal de sua campanha

A presidente brasileira Dilma Rousseff, em Nova York, no dia 29 de junho de 2015 afp_tickers

Em meio a uma nova escalada no escândalo de corrupção na Petrobras, a presidente Dilma Rousseff negou, nesta segunda-feira, em Nova York, ter recebido recursos ilegais para sua campanha.

Visivelmente irritada, a presidente falou com jornalistas, após um encontro com investidores nos Estados Unidos, onde se reunirá na terça-feira com seu contraparte americano, Barack Obama. Ela disse que as informações resultantes do vazamento à imprensa da suposta delação premiada do dono da empreiteira UTC não são verdadeiras.

“Não tenho esse tipo de prática. Eu não aceito e jamais aceitarei que insinuem qualquer irregularidade sobre mim ou a minha campanha”, declarou aos jornalistas.

“Minha campanha recebeu dinheiro legal, registrado, 7,5 milhões de reais. Na mesma época em que recebi os recursos (…), o candidato que concorria comigo também recebeu, com uma diferença muito pequena de valores. Eu estou falando de Aécio Neves”, disse, falando sobre o senador do PSDB, que perdeu para Dilma no segundo turno das eleições presidenciais de 2014.

No fim de semana, a revista “Veja” publicou que o empresário Ricardo Pessoa, dono da construtora UTC, deu informações detalhadas de como ele financiou campanhas à margem da lei e distribuiu suborno. O artigo diz que Pessoa usou dinheiro da rede de corrupção da Petrobras para pagar as despesas de 18 personalidades políticas de alto nível.

Segundo as investigações do Ministério Público Federal, 16 empreiteiras formaram um clube, entre elas as construtoras Odebrecht e Andrade Gutierrez – cujos presidentes presos na semana passada -, para definir quem ganharia cada licitação e a que preço. As cotações recebiam o aval dos diretores da Petrobras, que cobraram suborno de 1% a 3% do valor dos contratos e depois distribuíam parte do arrecadado a partidos políticos.

Este esquema provocou prejuízos de mais de 2 bilhões de dólares à Petrobras.

Em grande medida, as investigações avançaram juntamente com as delações premiadas, embora até o momento, nem a Procuradoria, nem o Supremo reconheçam oficialmente que Pessoa tenha ingressado neste programa.

A presidente Dilma não poupou críticas a estes depoimentos. “Nunca recebi esse senhor (…) Estive presa durante a ditadura e sei o que é. Tentaram me transformar em uma delatora. A ditadura fazia isso com as pessoas presas. Eu garanto para você que eu resisti bravamente (…) Eu não respeito delator”, disse.

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