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Erdogan promete apoio a Maduro ante sanções de EUA e crise econômica

O presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan (2E), e sua esposa, Emin (E), são recebidos pela vice-presidente da Venezuela, Delcy Rodríguez (2D), e pelo vice-presidente da Área Econômica, Tareck el Aissami (D), em Caracas, em 2 de dezembro de 2018 afp_tickers

O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, submetido a uma forte pressão internacional, recebeu nesta segunda-feira (3) o respaldo do seu homólogo turco, Recep Tayyip Erdogan, que lhe garantiu apoio ante as sanções de Washington e para enfrentar a severa crise econômica.

Em sua primeira visita oficial a Caracas, marcada pela pompa e pelas promessas de investimento, Erdogan rechaçou as sanções contra a Venezuela por parte dos Estados Unidos, país com o qual também mantém tensas relações.

“Estão tentando punir a Venezuela, e a Turquia está do lado da Venezuela nisso”, disse o presidente turco em uma reunião de negócios, em clara alusão a Washington.

Os Estados Unidos aplicam sanções a Caracas desde 2014, alegando que o governo socialista é uma “ditadura” que socava a democracia e viola os direitos humanos, sem descartar uma intervenção militar.

Erdogan insistiu que “as restrições comerciais e as sanções são algo errôneo” e advertiu que aprofundarão as “instabilidades”.

“Não se pode punir um povo inteiro para resolver desacordos políticos, isso se sabe com as experiências amargas do passado”, sustentou Erdogan, segundo a tradução de um intérprete.

O líder turco também se comprometeu a apoiar Maduro para enfrentar a profunda crise econômica, refletido na escassez de alimentos e remédios, além de uma inflação que, segundo o FMI, chegará a 1.350.000% este ano e a 10.000.000% em 2019.

“Nós vamos cobrir a maior das necessidades da Venezuela, temos essa força, gostaria de destacar este fato”, afirmou o governante, que exortou aos empresários de seu país a aumentar as exportações ao mercado venezuelano.

“Quero que considerem a minha visita como um símbolo de colaboração do povo turco com o povo da Venezuela”, afirmou Erdogan.

Com a vital produção petroleira abalada, Maduro convidou a Turquia a investir na exploração de uma vasta reserva mineradora, conhecido como Arco del Orinoco (sul), com jazidas de ouro, diamante e coltan, entre outros.

A troca comercial não petroleira entre os dois países chegará, este ano, os 800 milhões de dólares, segundo Maduro, cifra não desprezível em meio aos seus graves problemas de liquidez.

“Podemos nos associar no desenvolvimento mineiro, não apenas no comércio do ouro, onde avançamos muito, mas na exploração direta do ouro. A Venezuela está certificando o que pode ser, e vai ser, a segunda reserva de ouro do mundo”, afirmou Maduro no fórum empresarial.

Com esse fim, os dois presidentes assinarão acordos de proteção de investimentos.

O presidente venezuelano também anunciou que empresários turcos têm a intenção de investir 4,5 bilhões de euros no país sócio da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep).

As relações entre Ancara e Caracas se estreitaram nos últimos anos, à medida que piorava a crise e o isolamento de Maduro, igualmente sancionado pela União Europeia.

Maduro professa diz ter grande admiração por Erdogan, particularmente pela mão de ferro que aplicou após a tentativa de golpe de 15 de julho de 2016.

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