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Estudo descarta tese de uma única migração humana ‘fora da África’

Avanços na análise de DNA e em outras técnicas de identificação de fósseis estão ajudando a reescrever o que pensamos saber sobre nossas origens afp_tickers

A tese de uma única migração humana fora da África há 60 mil anos não poderá mais ser considerada um dado correto da história da humanidade, argumenta uma revisão da literatura científica publicada nesta quinta-feira (7).

Ao contrário, várias migrações para fora da África, que começaram há 120 mil anos, deram origem à população moderna, demonstram resultados publicados na revista científica americana Science.

Avanços na análise de DNA e em outras técnicas de identificação de fósseis, principalmente em relação a descobertas na Ásia, estão ajudando a reescrever o que pensávamos saber sobre nossas origens.

Uma “abundância de novas descobertas” na última década mostrou que os humanos modernos, ou Homo sapiens, chegaram a partes do continente asiático muito antes do que se pensava, assinalou o informe.

Vestígios de Homo sapiens datados de 70 mil a 120 mil anos foram encontrados em diferentes locais no sul e no centro da China.

Outras descobertas de fósseis mostram que os humanos modernos chegaram ao sudeste de Ásia e à Austrália antes de 60 mil anos atrás.

“As primeiras dispersões fora da África antes de 60 mil anos atrás provavelmente eram feitas em pequenos grupos de pessoas que buscavam comida e, pelo menos, algumas dessas dispersões iniciais deixavam traços genéticos de baixo nível em populações modernas”, explicou Michael Petraglia, pesquisador do Instituto Max Planck para a Ciência da História Humana, na Alemanha.

“Um evento posterior e maior de [migração] ‘Fora da África’ muito provavelmente ocorreu por volta de 60 mil anos atrás ou depois disso”, informou.

Pesquisas recentes confirmaram que esta migração em massa há 60 mil anos “contribuiu para a maior parte da composição genética dos não africanos atuais”, de acordo com o informe.

Estes primeiros viajantes se miscigenaram com outras espécies, incluindo Neandertais e Denisovanos, e uma população não identificada de homininis (primatas hominóideos) pré-modernos em muitos locais através da Eurásia.

Os cientistas consideram que, entre os Homens modernos não africanos atuais, de 1% a 4% do DNA seria de origem dos Neandertais e até 5% podem ser de Denisovanos.

“Agora está claro que humanos modernos, os Neandertais, Denisovanos e talvez outros grupos homininis provavelmente se sobrepuseram no tempo e no espaço na Ásia, e certamente tiveram muitos casos de interação”, destacou o estudo.

SWI swissinfo.ch - sucursal da sociedade suíça de radiodifusão SRG SSR

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