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EUA adverte Ortega a garantir eleições livres na Nicarágua

Foto divulgada pela Presidência nicaraguense mostra o presidente Daniel Ortega (D) sentado ouvindo sua esposa, a vice-presidente Rosario Murillo, discursando durante o 41º aniversário do Exército da Nicarágua, na praça da Revolução, em Manágua, 2 de setembro de 2020 afp_tickers

Os Estados Unidos advertiram nesta quinta-feira (1º) que o presidente da Nicarágua, Daniel Ortega, enfrentará uma “pressão maciça” se não garantir eleições livres na Nicarágua, destacando que manter a situação atual “não é uma opção”.

O chefe da diplomacia americana para a América Latina, Michael Kozak, ameaçou intensificar as sanções se Ortega, e sua esposa e vice-presidente, Rosario Murillo, não assegurarem um processo eleitoral transparente no ano que vem.

“Ortega e Murillo devem escolher entre estabelecer as condições para eleições livres e justas ou enfrentar um aumento maciço da pressão da comunidade internacional”, disse Kozak durante videoconferência organizada pelo Departamento de Estado.

“Voltar ao status quo de antes dos protestos de abril de 2018 ou inclusive manter o status quo atual não é uma opção para eles. E isto é algo que esperamos que entendam muito, muito claramente”, acrescentou.

Em 2018, a Nicarágua foi sacudida por protestos antigovernamentais maciços, que resultaram em pedidos de eleições antecipadas e cuja repressão deixou pelo menos 328 mortos, segundo grupos de direitos humanos.

Os Estados Unidos sancionaram cerca de 20 nicaraguenses, entre eles Murillo e três filhos do casal presidencial, assim como oito entidades, acusando-os de graves abusos aos direitos humanos e corrupção. Além disso, foram revogados os vistos de várias pessoas vinculadas à repressão de opositores.

A União Europeia, o Canadá e o Reino Unido também impuseram medidas punitivas por atos do governo de Ortega.

Kozak anunciou que os Estados Unidos e vários países apresentarão na Assembleia Geral da OEA, em outubro, um projeto de resolução “para abordar a situação dos direitos humanos na Nicarágua e estabelecer as bases do processo eleitoral do ano que vem”.

Carlos Trujillo, embaixador americano na OEA, disse que todos os membros do organismo “deveriam se preocupar” com a situação na Nicarágua.

“Ao invés de garantie eleições justas em 2021, Ortega acelera o totalitarismo”, tuitou.

Kozak insistiu em que o povo nicaraguense deve decidir seu futuro e disse que “o governo americano incentiva diversos grupos de oposição a cooperar de forma mais efetiva” na luta pelas liberdades democráticas.

Durante a videoconferência, Kozak enfatizou que a política de Washington para Manágua é “bipartidária” e descartou mudanças se em 3 de novembro o democrata Joe Biden derrotar o republicano Donald Trump.

“Recebo telefonemas e e-mails todos os dias de democratas progressistas que costumavam simpatizar bastante com o projeto sandinista na Nicarágua, que estão nos criticando por não pressioná-los o suficiente”, disse.

Ortega, no poder desde 2007 e reeleito em eleições questionadas em 2016, foi um dos líderes da Frente Sandinista de Libertação Nacional (FSLN) contra a ditadura de Anastasio Somoza (1936-1979), mas é acusado de ter instaurado uma dinastia nepotista e corrupta.

O mandato de Ortega vence em 2022, mas analistas afirmam que ele tentará a reeleição.

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