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Ex-coronel salvadorenho é condenado a 133 anos de prisão por assassinato de jesuítas espanhóis

O ex-coronel salvadorenho Inocente Montano antes do início do julgamento em Madri em 8 de junho de 2020 afp_tickers

A Justiça espanhola condenou nesta sexta-feira (11) a 133 anos e quatro meses de prisão o ex-coronel salvadorenho Inocente Montano pelo assassinato de cinco jesuítas espanhóis em 1989, um massacre com outras três vítimas durante a guerra civil do país da América Central.

“Devemos condenar e condenamos Inocente Orlando Montano Morales como responsável, enquanto autor de cinco crimes de assassinato de caráter terrorista”, anunciou o porta-voz do tribunal durante a leitura da sentença na Audiência Nacional de Madri, na presença do acusado.

Para cada um dos delitos, o tribunal estabeleceu uma pena de 26 anos e oito meses, o que soma 133 anos e quatro meses. O tempo máximo de reclusão na lei espanhola é, no entanto, de 30 anos.

Na sentença, que pode ser objeto de recurso no Tribunal Supremo, os magistrados também o consideram responsável por outros três assassinatos: um religioso salvadorenho, uma funcionária da ordem e sua filha.

Mas “não pode ser condenado por estes fatos, pois ele não foi extraditado pelos Estados Unidos por estes crimes”, afirmou o tribunal em um comunicado.

O militar de 77 anos, extraditado para a Espanha em 2017, era o único acusado no julgamento realizado entre junho e julho na Audiência Nacional pelo massacre ocorrido no campus da Universidade Centro-Americana (UCA) durante a guerra civil (1980-1992).

Durante uma ofensiva guerrilheira na capital do país, San Salvador, em 16 de novembro de 1989, agentes do proscrito batalhão militar Atlacatl assassinaram os religiosos.

As vítimas foram o espanhol-salvadorenho Ignacio Ellacuría (reitor da UCA), os espanhóis Ignacio Martín Baró (vice-reitor), Segundo Montes, Amando López e Juan Ramón Moreno, o salvadorenho Joaquín López, a cozinheira Elba Ramos e sua filha Celina.

Na época, a ordem religiosa, em especial Ignacio Ellacuría, atuava como mediador entre o governo e a guerrilha da Frente Farabundo Martí para a Libertação Nacional para possibilitar negociações de paz.

De acordo com a Audiência Nacional, a situação “provocou a inimizade da extrema-direita, que temia perder seus privilégios durante as negociações”.

O tribunal considerou comprovado que “os oito assassinatos foram tramados, planejados e ordenados por membros do Alto Comando das Forças Armadas, órgão ao qual pertencia Inocente Orlando Montano na condição de vice-ministro da Segurança Pública”.

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