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Familiares pedem fim do isolamento de opositores presos na Nicarágua

(Arquivo) A Nicarágua enfrenta uma crise política desde os protestos antigovernamentais de 2018 afp_tickers

Familiares de dezenas de opositores presos na Nicarágua por crimes atribuídos pelo governo de Daniel Ortega exigiram nesta terça-feira (14) o fim do isolamento “insuportável” que vários deles vivem em celas insalubres, que põe sua saúde em risco.

É urgente que “cesse o isolamento e o confinamento solitário no qual muitos permaneceram por um ano”, pediram os familiares dos presos em um comunicado lido por Victoria Cárdenas, esposa do ex-pré-candidato à Presidência Juan Sebastian Chamorro, durante coletiva de imprensa virtual.

Após uma visita à prisão no fim de semana, os familiares disseram ter observado que “continua a deterioração física” dos opositores presos e que muitos permanecem em “um nível insuportável de incomunicação entre si e com o mundo exterior”.

Continuam perdendo peso pela má alimentação e são mantidos em celas escuras e úmidas que provocaram a proliferação de fungos nas paredes, uma situação que os familiares acreditam ter causado problemas dermatológicos em alguns deles.

Segundo o grupo Mecanismo para o Reconhecimento de Pessoas Presas Políticas, a Nicarágua mantém 182 opositores presos, dos quais 46 foram detidos no ano passado, entre eles sete ex-pré-candidatos à Presidência, que pretendiam competir contra a reeleição de Ortega em novembro.

Alguns estão na prisão da polícia de Manágua, conhecida como El Chipote, outros em celas do sistema penitenciário ou cumprem prisão domiciliar.

Os parentes denunciaram que alguns opositores só tomam banho de sol a cada sete ou dez dias, enquanto outros “permanecem em confinamento solitário”, sem sair ao pátio há um ano.

A maioria dos presos tem problemas cardíacos, de pressão arterial, insuficiência renal e alguns são sobreviventes de câncer, que consideram que não deveriam estar na prisão.

Houve presos que chegaram a ser hospitalizados na unidade de terapia intensiva, afirmou Ana Vigil, parente da líder opositora homônima confinada em isolamento há um ano.

Enquanto isso, o ex-pré-candidato presidencial da oposição, o preso “Félix Maradiaga teve que ser atendido por um problema cardíaco porque estava muito mal”, revelou sua esposa, Berta Valle.

Os presos estão “praticamente enterrados vivos”, protestou Rodrigo Navarrete, membro de uma associação de vítimas da repressão.

Os “estão matando”, protestou outro familiar, Ulises Rivera.

Dos opositores presos, pelo menos 45 foram condenados nos últimos meses a penas de até 13 anos de prisão por “menosprezo à integridade nacional” e outros crimes, no amparo de uma Lei de Defesa da Soberania, aprovada em 2020 por um Parlamento de maioria governista.

O presidente acusa os opositores de atentar contra a estabilidade do país com apoio dos Estados Unidos.

SWI swissinfo.ch - sucursal da sociedade suíça de radiodifusão SRG SSR

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