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Farc nega violação à trégua e critica bombardeios da Colômbia

Pablo Catatumbo, comandante guerrilheiro das Farc, em Havana, no dia 16 de abril de 2015 afp_tickers

A guerrilha das Farc criticou nesta quinta-feira o presidente colombiano Juan Manuel Santos, que ordenou o reinício dos bombardeios contra acampamentos rebeldes, e negou ter violado a trégua unilateral em um ataque que deixou 11 militares mortos na quarta-feira.

“A solução não é reiniciar os bombardeios. Na Colômbia, desde que começou a guerra (interna há meio século), estão bombardeando e isso por um acaso serviu para alguma coisa? Serviu apenas para aumentar o número de morto”, declarou à imprensa o comandante guerrilheiro Pablo Catatumbo, um dos negociadores das Farc nas negociações de paz com o governo em Havana.

O presidente colombiano ordenou os bombardeios aéreos contra posições das Farc, poucas horas depois de um confronto em uma área remota de Cauca (oeste) que deixou 11 militares mortos e vinte soldados feridos, além de dois guerrilheiros mortos.

“O incidente foi produto de um ataque deliberado, não fortuito das Farc, e isto implica um claro rompimento da promessa de um cessar-fogo unilateral” (que a guerrilha ordenou no mês passado), acrescentou o presidente.

“Que fique bem claro às Farc: não vou deixar me pressionar (…) por fatos infames como este para tomar uma decisão sobre o cessar-fogo bilateral”, enfatizou.

“Fatos desta natureza e desta gravidade demonstram uma vez mais a necessidade de acelerar as negociações que ponham fim a este conflito, que continua enlutando as famílias colombianas”, concluiu.

As Farc lamentaram as mortes dos soldados, mas ressaltaram que não foi uma ação ofensiva, mas defensiva, que não implica uma violação da trpegua unilateral decretada pela guerrilha em 20 de dezembro.

“Houve um enfrentamento militar, produto de um assédio do Exército que não é de agora. Há quatro meses os militares conduzem uma operação contra essas unidades” das FARC, explicou Catatumbo, que descartou a suspensão da trégua unilateral após o incidente, o mais grave desde o início do processo de paz em Havana, em novembro de 2012.

“Gerou uma situação muito complicada” nas negociações, admitiu Catatumbo, que criticou o presidente Santos, afirmando que este reagiu inicialmente com cautela ante a morte de soldados, mas que pouco depois ordenou os bombardeios “por pressão” de autoridades e e legisladores críticos ao processo de paz.

“Não compreendemos que às 9h00 o presidente tenha uma posição e às 15h00 tenha outra após ser procurado” pelo procurador-geral Eduardo Montealegre, expressou Catatumbo.

As Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), a maior guerrilha deste país, e o governo chegaram a um consenso sobre três dos seis pontos da agenda de negociações para acabar com o conflito que já deixou 220.000 de mortos e 5,5 milhões de deslocados.

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