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Fukushima registra mais de 100 casos de câncer de tireoide confirmados ou suspeitos em menores de 18 anos

Membro da companhia elétrica japonesa Tokyo Electric Power Co mede nível de radiação na plataforma de Fukushima, em 9 de julho de 2014 afp_tickers

Um estudo sobre o impacto das radiações da catástrofe de Fukushima revela que 103 crianças e adolescentes da região desenvolveram câncer de tireoide confirmado por cirurgia ou altamente provável, mas a relação com o desastre atômico ainda não foi confirmada.

Um comitê de acompanhamento da saúde dos habitantes fez testes com cerca de 300.000 jovens da província de Fukushima (nordeste).

O número de casos de câncer confirmados após a cirurgia é de 57 atualmente. Os 46 casos restantes não são 100% seguros, mas a probabilidade é muito alta.

Outro adolescente foi operado, mas o nódulo extraído era benigno.

A proporção de crianças da província de Fukushima afetadas é, portanto, de 30 em cada 100.000, mas não existe uma base de referência para esta região, o que impede comprovar se ocorreu um aumento desde o acidente atômico de março de 2011.

Os especialistas designados pelas autoridades do governo tendem a pensar que estes casos de câncer não têm relação direta com o desastre.

“Dificilmente é possível estabelecer uma relação de causa e efeito, mas é necessário, no entanto, seguir com os exames porque a proporção de descoberta de tumores aumenta com a idade, também em tempo normal”, declarou o professor Shunichi Suzuki, da faculdade de medicina da cidade de Fukushima, na apresentação dos resultados, na tarde de domingo.

Esta opinião se baseia, entre outros, em dados comparativos, sobretudo com o caso da catástrofe de Chernobyl, em 1986, na Ucrânia.

No entanto, os pais das crianças afetadas não conseguem evitar pensar que a causa é a exposição às radiações (e sobretudo ao iodo 131) nos primeiros dias após o acidente.

A tireoide é uma esponja de iodo (matéria-prima para a fabricação dos hormônios da tireoide), sobretudo nas crianças em crescimento. Por isso, esta glândula é particularmente vulnerável às emissões de iodo 131 radioativo em caso de acidente nuclear.

Assim, é recomendada a absorção de iodo estável com o objetivo de saciar e inclusive saturar de antemão a tireoide. Esta medida não foi aplicada no caso de Fukushima.

As autoridades japonesas decidiram há pouco tempo fornecer iodo estável aos habitantes mais próximos dos reatores que podem voltar à atividade em um futuro próximo, começando pelos chamados Sendai 1 e 2 no sudoeste.

Até o momento, o parque japonês de 48 unidades está parado (sem contar os seis de Fukushima Daiichi saqueados e condenados ao desmantelamento).

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