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Funcionários e artistas do Teatro Municipal protestam por falta de pagamento

Bailarinos durante protesto dos funcionários do Teatro Municipal do Rio de Janeiro, em 31 de outubro de 2017 afp_tickers

“Queremos pão e circo!” – gritavam nesta terça-feira, diante do Teatro Municipal do Rio de Janeiro, funcionários e artistas da instituição, que estão há meses sem receber salários.

Orquestra, bailarinos e coro ocuparam a frente do teatro, no centro do Rio, para recordar que “sem cultura, saúde, educação e segurança não se faz um país”.

Durante o protesto, a orquestra tocou “O Fortuna” de Carl Orff (em “Carmina Burana”), que evoca o mutável destino dos assuntos humanos, “Va Pensiero” do Coro dos Escravos de Verdi, e a canção de Chico Buarque “Apesar de Você”.

A última música foi recebida com aplausos e gritos de “Fora Temer!” pelos cerca de 300 participantes na manifestação.

Os artistas pareciam dispostos a dar o melhor de si. A bailarina Deborah Ribeiro interpretou, com tutu e sapatilhas, “A morte do Cisne”, com base na coreografia feita por Michel Fokine para Anna Pavlova.

Os funcionários do estado do Rio sofrem com atrasos dos salários em todas as áreas – saúde, educação, segurança e cultura.

No caso do Teatro Municipal – onde trabalham 800 pessoas, incluindo 300 artistas -, a falta de pagamento já dura três meses, incluindo a gratificação de 2016.

A situação é ainda pior para os aposentados. E a equipe do teatro fez um pedido de doações de alimentos não perecíveis e de dinheiro para ajudar os que enfrentam condições mais difíceis.

Em maio houve um protesto semelhante, mas desde então “tudo piorou”, assegura o violinista Leo Ortiz, de 62 anos.

Alguns músicos trabalham em outros empregos enquanto tentam assegurar a temporada custeando seus transportes, que no Rio são tanto ou mais caros que na Europa.

“Desde os oito anos estou neste teatro e não recebo desde agosto”, conta à AFP a bailarina aposentada Irene Oranzem, de 77 anos.

“A situação é catastrófica. Nós acabamos de cancelar uma temporada do ‘Lago dos Cisnes’ que estava praticamente toda vendida, esgotada (…), mas não tivemos condições de levar a temporada adiante por falta de pagamento de salário”, resume o professor de balé Manoel Francisco.

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