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Governo Federal enviará militares para patrulhar Natal

Detentos participam de confronto entre facções em Natal, Rio Grande do Norte, no complexo penitenciário de Alcaçuz, no dia 19 de janeiro de 2017 afp_tickers

O governo federal enviará militares para patrulhar Natal, capital do Rio Grande do Norte, atendendo ao apelo feito mais cedo pelo governador potiguar, Robinson Faria, de envio de tropas federais à cidade, cenário de uma rebelião carcerária e distúrbios motivados pela guerra entre facções criminosas.

“O presidente Michel Temer autorizou o envio das Forças Armadas ao Rio Grande do Norte. Os militares reforçarão as patrulhas nas ruas de Natal, após a rebelião na penitenciária de Alcaçuz”, informou o Palácio do Planalto no site na internet.

A Presidência não indicou até o momento o número de efetivos que vai mobilizar nesta missão.

“Fiz um pedido ao ministro [da Justiça] Alexandre Moraes, para conversar com o presidente [Michel] Temer, que só ele pode autorizar, o envio imediato, para hoje, das Forças Armadas: do Exército, da Marinha, para ocupar as ruas de Natal”, disse mais cedo o governador, em declarações à rádio CBN.

No fim de semana passado, a penitenciária de Alcaçuz foi palco de um acerto de contas entre as facções rivais Primeiro Comando da Capital (PCC) e Sindicato do Crime RN, que deixou 26 mortos.

A maioria dos mortos pertencia ao chamado Sindicato do Crime RN, confrontado ao PCC, principal facção do País.

A polícia entrou na quarta-feira neste presídio superlotado, com cerca de 1.100 detentos, de onde retirou 220 do Sindicato do Crime RN, para levá-los a outra prisão, a fim de aliviar a tensão.

Mas o deslocamento gerou descontentamento entre os membros das facções.

A crise se agravou na manhã desta quinta-feira, quando membros das duas facções se enfrentaram em uma batalha campal, com paus e pedras, no presídio de Alcaçuz, em Natal, onde no fim de semana 26 presos foram mortos em um brutal acerto de contas, informaram jornalistas da AFP.

A Polícia disparou balas de borracha e bombas de gás lacrimogêneo dos muros que cercam o presídio para tentar separar as facções. Imagens da AFPTV mostravam os detentos entrincheirados atrás de barricadas ou nos telhados dos pavilhões.

Nos confrontos desta quinta, o PCC conseguiu controlar o pavilhão 4, informou uma jornalista da AFP. O RN tinha superioridade numérica, mas sua força foi afetada pelas transferências.

A facção local exigia que os transferidos fossem do PCC, mas não foi atendido.

Os confrontos não ficaram isolados ao presídio. Houve distúrbios em Natal e outras cinco cidades do estado – com incêndio em cerca de trinta ônibus e ataques a prédios públicos – na noite de quarta-feira, assim como um início de rebelião em outro presídio, na localidade de Caicó, que deixou um morto e cinco feridos, informaram fontes oficiais à AFP.

Segundo Robinson Faria, os atos de violência foram obra dos dois grupos criminosos que estão em confronto. “Ambos estão retaliando o governo”, afirmou.

A guerra pelo controle do tráfico de cocaína entre presidiários do PCC e das facções rivais Comando Vermelho (CV) e seus aliados já deixou cerca de 140 mortos desde o começo do ano, muitos deles decapitados. Os principais massacres ocorreram em Manaus (56 mortos) e Roraima (33), no norte, e agora em Natal (26), no nordeste.

Cidade fora de controle

“Estão tocando fogo em ônibus como retaliação pelo governo ter decidido separar dentro dos presídios o PCC do sindicato RN”, afirmou Faria.

“A situação se tornou muito mais grave do que estava até ontem, se agravou a partir de ontem à noite. Então, precisamos de um socorro do governo federal de imediato”, acrescentou.

Além dos ônibus, seis veículos e um caminhão foram incendiados na madrugada de quinta-feira em Natal e em outras cinco cidades (Caicó, Parnamirim, Maxaranguape, Bento Fernandes e Macau), informou à AFP um porta-voz da Secretaria de Segurança Pública (Sesed) do Rio Grande do Norte.

Sete pessoas foram detidas nesses incidentes, acrescentou.

De acordo com a imprensa, o transporte público funcionou normalmente pela manhã, mas foi suspenso à tarde.

SWI swissinfo.ch - sucursal da sociedade suíça de radiodifusão SRG SSR

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