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Haiti sob tensão após protestos letais e uma presidência ausente

Viatura policial é vista em Porto Príncipe, em 21 de novembro de 2018 afp_tickers

Uma tensão incomum reina no Haiti, onde a presidência se mostra ausente depois das grandes manifestações de domingo, manchadas pela violência e comandadas por uma juventude que denuncia a corrupção do poder e exige a renúncia imediata do chefe de Estado.

Três pessoas morreram baleadas no domingo durante esses protestos contra a corrupção e o poder, segundo a Polícia Nacional do Haiti (PNH), enquanto a oposição denuncia uma cifra de 11 mortos em todo o país.

Desde então, escolas, estabelecimentos comerciais e empresas privadas permaneceram fechados nas principais cidades, após uma convocação de greve geral lançada pela oposição.

A capital Porto Príncipe seguia quase deserta nesta quarta-feira (21) de manhã, embora alguns cidadãos se arriscassem a sair.

Embora a polícia tenha patrulhas ao longo dos principais eixos viários da cidade, além de blitz nos cruzamentos mais importantes, a situação permanece tensa, pois várias estradas foram bloqueadas por barricadas em chamas.

“A polícia opera com o mesmo dispositivo anunciado antes da manifestação de domingo, por meio do qual planejamos administrar o antes, durante e depois do protesto. Sempre estamos no depois”, afirmou à AFP Gary Desrosiers, porta-voz da PNH.

“Seguimos no terreno para garantir a proteção de todos”, acrescentou, sem dar mais detalhes.

– Diálogo e calma –

Em discurso na noite desta quarta-feira em rede nacional, o presidente Jovenel Moise reafirmou sua legitimidade, na primeira aparição pública desde o início das manifestações.

Ao lado do primeiro-ministro, Jean-Henry Céant, dos ministros do Interior e da Justiça, e dos chefes da Polícia Nacional, o presidente Moise pediu calma e apelou ao diálogo.

“Peço ao primeiro-ministro que se reúna com todos, de todas as tendências, como sempre fiz. O diálogo deve unir todas as camadas da sociedade, respeitando a Constituição”, disse Moise em um discurso de seis minutos à Nação.

“Durante os cinco anos da minha presidência, ninguém, digo ninguém, sob qualquer pretexto, pode ameaçar os interesses do país ou colocar a Nação em risco”, declarou o chefe de Estado, que assumiu a presidência em 7 de fevereiro de 2017.

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