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Inativo desde 2019, consulado da Venezuela em Bogotá está em ruínas

Vista do consulado da Venezuela em Bogotá em 28 de julho de 2020, em ruínas após permanecer inativo desde fevereiro de 2019 afp_tickers

O consulado venezuelano em Bogotá, desativado desde fevereiro do ano passado, está em ruínas depois de ter sido saqueado durante meses. Em resposta, o governo Nicolás Maduro chegou a ameaçar com “ações diplomáticas recíprocas” diante dessa “agressão inaceitável”.

Situada no norte da capital colombiana, a embaixada inativa não possui vigilância policial, e dentro dela podem ser vistos inúmeros objetos destruídos, informaram jornalistas da AFP nesta terça-feira (28).

Veem-se móveis danificados, vidros quebrados e estruturas machadas por fogo, além das fotos emolduradas de Hugo Chávez e Nicolás Maduro, caídas no chão.

Nesta segunda-feira, o ministro das Relações Exteriores venezuelano, Jorge Arreaza, divulgou um vídeo com imagens do local, sem especificar quando foram feitas.

“Denunciamos que a sede do consulado venezuelano em Bogotá foi completamente vandalizada e saqueada. As autoridades colombianas a deixaram sem proteção, violando as convenções de Viena sobre as relações diplomáticas e consulares”, escreveu o ministro nas redes sociais.

Desde que o presidente colombiano, Iván Duque, chegou ao poder, em agosto de 2018, a Colômbia não reconhece o governo do presidente Nicolás Maduro, com quem formalmente o país rompeu relações em fevereiro de 2019.

Duque acompanha a ofensiva dos Estados Unidos, que pretende que Maduro deixe a presidência, a quem eles acusam ter sido reeleito de forma fraudulenta, ao mesmo tempo em que milhões de venezuelanos atingidos por uma grave crise econômica deixaram o país.

Em um comunicado, o governo Maduro disse que “reserva ações diplomáticas recíprocas se houver espaço para compensar esse ataque inaceitável às instalações da missão venezuelana”.

Mas em declarações transmitidas nesta terça pela TV oficial, Arreaza informou que o “Estado colombiano” deve responder “por suas obrigações internacionais e de alguma forma indenizar o Estado venezuelano por permitir semelhantes atos de vandalismo”.

Segundo Arreaza, a Venezuela levará a “denúncia ao secretário-geral das Nações Unidas”, António Guterres.

Embora o chanceler tenha alertado sobre o fato na segunda-feira, vizinhos do consulado disseram que os roubos começaram há um bom tempo, mas que a deterioração do local se tornou mais evidente a partir de março, com a chegada da pandemia.

“Vimos tirarem as grades, as esquadrias das janelas, as portas. Praticamente a foram saqueando aos pedacinhos durante todo este ano”, explicou Marta Segura, uma engenheira de sistemas de 50 anos, que há 30 vive no bairro onde fica a sede diplomática da Venezuela.

No momento, o Ministério das Relações Exteriores da Colômbia se recusou a comentar o que Arreaza disse, mas observou que “a polícia não reportou atos recentes de vandalismo no consulado”, disse uma fonte à AFP.

A Colômbia estima que pouco menos de 1,8 milhão de venezuelanos estejam em seu território. Após a crise desencadeada pela pandemia, cerca de 81.000 deles retornaram ao seu país.

SWI swissinfo.ch - sucursal da sociedade suíça de radiodifusão SRG SSR

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