Informe denuncia tortura de presos políticos em Cuba
Os presos políticos em Cuba sofrem torturas que vão de agressões à privação de sono, de líquidos, de alimentação e de assistência médica - denuncia um relatório da organização Prisoners Defenders publicado nesta terça-feira (29).
O informe se baseia em uma amostra aleatória de 101 presos políticos e relatos de fontes que tiveram contato direto com os processados, como companheiros de cela e familiares de primeiro grau, informou a ONG.
Segundo dados desta organização com sede em Madrid, há 1.167 presos políticos em Cuba.
Como resultado dos protestos contra o governo cubano que eclodiram em julho de 2021, "Cuba apresentou os índices de repressão mais altos já registrados em décadas, com milhares de detenções arbitrárias, centenas de presos de consciência, assim como centenas de relatos de tortura", afirma o texto, entregue nesta terça-feira ao Comitê contra Tortura da ONU.
A ONG Prisioners Defenders cita 15 tipos de tortura infligidos a presos políticos, incluindo "privação de cuidados médicos", "padrões posturais altamente desconfortáveis, prejudiciais, degradantes e prolongados", "confinamentos na solitária", "agressões físicas", "privação de líquidos e/ou alimentos" e "privação de sono".
Do conjunto de 101 presos estudados, três eram menores de idade no momento da detenção.
“A vítima que acumula o maior número de tipos de tortura é, inclusive, um menor de 17 anos, Jonathan Torres Farrat”, diz a ONG.
"Em uma ocasião", Torres Farrat "foi algemado pendurado a uma cerca, em um cômodo frio e, posteriormente, agredido. Foi confinado em uma cela fria por exigir que não fosse mais espancado", acrescentou o relatório.
"A mãe de Jonathan, Barbara Farrat Guillén, foi várias vezes proibida de ver o filho, e chegaram a ser ameaçá-la com a integridade física de Jonathan, em represália às denúncias que ela faz", relata o texto.
O dossiê afirma ainda que há dezenas de presos com dupla nacionalidade, mas que, "à exceção dos Estados Unidos, os demais países - Espanha, Canadá e Alemanha, para dar os três exemplos - deixaram seus cidadãos sem qualquer proteção até agora".