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Ingrid Betancourt pede que as Farc compensem vítimas na Colômbia

Fotografia mostra vídeo durante cerimônia comemorativa do 10º aniversário da operação militar que libertou a ex-candidata presidencial Ingrid Betancourt (no telão), em Bogotá, em 3 de julho de 2018 afp_tickers

A ex-candidata à Presidência Ingrid Betancourt, sequestrada durante seis anos pelas Farc, exigiu nesta quarta-feira (24) à dissolvida guerrilha que compense suas vítimas, durante uma declaração ante o sistema de justiça surgido do acordo de paz na Colômbia.

“Devem ser sentenças que façam um paralelo a tudo o que eles destruíram”, disse aos juízes da Jurisdição Especial para a Paz (JEP) em uma videoconferência de Paris.

Precisam ser “atos concretos que signifiquem para eles, de verdade, uma tomada de consciência e uma verdadeira recapacitação pelo dano que fizeram”, acrescentou em um emocionante relato de mais de duas horas, ante os magistrados do sistema encarregado de julgar os crimes ocorridos durante o conflito armado no país.

Betancourt, que em várias ocasiões disse ter perdoado seus sequestradores, assinalou que os rebeldes poderiam construir “com as próprias mãos” as casas das pessoas que perderam seus lares por culpa das ações armadas.

Mas reconheceu não saber como poderiam ressarcir o dano causado às famílias dos sequestrados.

“O que eles podem fazer para devolver o tempo que tomaram de nós? (…) Não tenho uma resposta. A única coisa que eu sei é que têm que ações prolongadas, um esforço e um compromisso, um desprendimento para eles”, afirmou.

Desde segunda-feira, os magistrados começaram a ouvir reconhecidos políticos e militares que estiveram no poder da outrora guerrilha comunista para esclarecer as responsabilidades dos comandos rebeldes nesses crimes.

Não obstante, Betancourt confiou na capacidade dos ex-combatentes “de mudar”. “Temos que acreditar que há em nós um espírito que nos permite ser melhores do que somos. E assim como acho isso de mim, as Farc também têm esse benefício”, assinalou.

A ex-candidata à Presidência foi sequestrada em 23 de fevereiro de 2002 pelas Farc em uma área florestal do sul da Colômbia e resgatada em 2008 junto com outros 14 reféns em uma operação militar de grande repercussão.

Após a sua libertação, deixou o país e se radicou na Europa. De lá, apoiou o acordo de paz assinado pelo ex-presidente Juan Manuel Santos.

Os líderes do agora partido Força Alternativa Revolucionária do Comum (Farc) pediram várias vezes perdão pelos crimes cometidos durante o seu levante armado, entre eles pelo sequestro, um dos mais repudiados pelos colombianos.

A esta jurisdição já compareceram também, em etapas iniciais, líderes das Farc e alguns militares.

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