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Justiça adia pela segunda vez audiência de opositor na Venezuela

(Arquivo) O líder opositor Leopoldo López, em São Paulo, no dia 4 de outubro de 2011 afp_tickers

A Justiça venezuelana adiou, pela segunda vez, a audiência de apelação do opositor Leopoldo López – condenado a quase 14 anos de prisão -, um fato que a dissidência denunciou como uma manobra para adiar o julgamento.

Segundo o advogado de defesa Juan Carlos Gutiérrez, a sessão prevista para esta quinta-feira foi suspensa porque López não pôde ser transferido da prisão militar de Ramo Verde para o Palácio da Justiça, em Caracas. Um protesto bloqueava a via, impedindo a passagem do veículo.

“É uma causa não imputável a Leopoldo, nem aos defensores, e isso deve trazer como consequência inexorável sua imediata liberdade”, disse Gutiérrez à imprensa, diante do tribunal, onde dezenas de partidários do dirigente e do governo se reuniram.

O advogado espera que, nesta sexta, uma nova data para a audiência seja divulgada. Ele descartou que possa acontecer sem a presença do político, que “deseja exercer seu direito de ser ouvido”.

Originalmente, a sessão seria em 20 de junho, mas foi cancelada por doença de uma das juízas do tribunal.

É “uma armação” para estender um “julgamento eminentemente de caráter político”, denunciou o presidente do Parlamento, Henry Ramos Allup, citando o que considera uma série de irregularidades que invalidam a sentença.

Depois do cancelamento, houve uma troca de insultos entre opositores e chavistas, os quais por pouco não chega às vias de fato.

“Assassinos!”, gritaram os governistas, ouvindo de volta “este governo vai cair”.

López, de 45, foi condenado em setembro de 2015 por acusações de incitação à violência nos protestos pela renúncia do presidente Nicolás Maduro, entre fevereiro e maio de 2014. Esses atos terminaram em 43 mortos.

Ele está preso desde fevereiro de 2014 no presídio militar de Ramo Verde, na periferia de Caracas. Sua família denunciou que López foi vítima, recentemente, do roubo das anotações de sua defesa por parte de agentes penitenciários que invadiram sua cela apontando armas.

Junto com Ramos Allup, foram ao Palácio da Justiça Lilian Tintori, mulher de López, e os assessores espanhóis da defesa: o ex-ministro da Justiça Alberto Ruiz Gallardón e Javier Cremades.

“Denuncio a perseguição, a intimidação de Nicolás Maduro, porque tem medo”, disse Lilian à imprensa, cercada de seguidores do Vontade Popular, partido fundado por seu marido.

Ruiz Gallardón reivindicou que o líder da oposição seja beneficiado, imediatamente, com a liberdade condicional, enquanto corre a apelação.

López é a figura emblemática dos opositores venezuelanos presos – 123, segundo Tintori -, entre eles o prefeito de Caracas, Antonio Ledezma, e o ex-prefeito de San Cristóbal (oeste) Daniel Ceballos.

Uma comissão do Parlasul – órgão legislativo do Mercosul – planejava visitar Ledezma e Ceballos nesta quinta (ambos em prisão domiciliar). Não receberam, porém, permissão das autoridades.

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