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Justiça brasileira investiga CBF em caso de venda ilegal de ingressos

Jarbas Menighini mostra seus ingressos para a primeira partida da Copa do Mundo FIFA no estádio do Maracanã, Rio de Janeiro, em 18 de junho de 2014 afp_tickers

A Polícia Civil e a Justiça brasileira desarticularam uma quadrilha que vendia ilegalmente ingressos da Copa do Mundo, e investiga um possível envolvimento da CBF, além das federações de futebol de Argentina e Espanha.

No total, onze pessoas acusadas de fazer parte do grupo foram detidas. A operação também determinou o fechamento de três agências de turismo que participariam da comercialização clandestina das entradas.

Os detidos estão sendo acusados de cambismo, formação de quadrilha e lavagem de dinheiro. Nove deles foram presos no Rio de Janeiro, e o outros dois em São Paulo.

“Era um grupo que faturava muito dinheiro em cada jogo. Eram cerca de 1.000 entradas por partida, com preço base de aproximadamente 1.000 euros cada”, declarou à AFP o promotor Marcos Kac, responsável pela investigação.

Roberto de Assis Moreira, irmão de Ronaldinho Gaúcho, será chamado para depor sobre o caso.

“O irmão de Ronaldinho disse a alguns amigos que poderiam comprar entradas através deste sistema”, revelou à AFP Marcos Kac. “Se constatarmos que ele tinha alguma relação com o grupo, que colaborava com isto de qualquer forma, aí sim estará envolvido, mas até agora não há nada”.

O grupo era liderado por um argelino, identificado como Mohamadou Lamine Fofana, que é investigado há cerca de três meses pela Justiça, acrescentou Kac.

“Ele conseguia ingressos que eram destinados pela Fifa à federações de futebol, jogadores, operários, empresas. Conseguia com todos eles, e também com a Fifa”, explicou.

O promotor ressaltou que estão sendo investigadas em particular as federações brasileira, argentina e espanhola.

“Entre os ingressos apreendidos estão alguns que eram destinados a essas federações. Isso está sendo investigado”, afirmou.

O Ministério Público também destacou que algumas entradas eram destinadas a patrocinadores e ONGS.

Um jornal do Rio revelou que no dia 17 de junho Assis conversou por telefone com Lamine e o brasileiro perguntou ao argelino se ele havia recebido telefonemas de seus amigos a procura de ingressos.

Segundo o jornal, a gravação da conversa – autorizada pela justiça – aponta que Lamine tinha contatos nas altas esferas e vendia especialmente ingressos VIP.

Na mesma conversa, Assis revela que está negociando o passe de Ronaldinho com um clube estrangeiro, talvez do Catar, por “10 milhões” por temporada, sem especificar se são dólares, reais ou euros. Lamine se oferece para tratar do tema com as autoridades de Catar e Dubai.

Ronaldinho Gaúcho está jogando no Atlético Mineiro.

A AFP constatou em várias ocasiões ingressos sendo revendidos nos arredores dos estádios do Mundial. Na terça-feira, para a partida entre Argentina e Suíça em São Paulo, as entradas eram negociadas por cerca de 1.500 dólares.

A polícia já deteve dezenas de cambistas em todo o país desde o início da Copa do Mundo.

SWI swissinfo.ch - sucursal da sociedade suíça de radiodifusão SRG SSR

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