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Lágrimas de alegria ou de tristeza marcam a votação do impeachment de Dilma

Uma partidária do governo Dilma chora ao final da votação sobre seu impeachment, durante uma manifestação em Brasília, no dia 17 de abril de 2016 afp_tickers

Quando o placar marcou 342 votos, uma parte do Brasil explodiu em alegria, choro, abraços, gritos e fogos para comemorar a possibilidade da queda do governo de Dilma Rousseff.

O voto decisivo chegou tarde da noite de domingo, em uma votação que foi o ponto alto de uma longa crise e que agora coloca o destino da presidente nas mãos do Senado brasileiro.

Em Brasília, epicentro do terremoto político do país, milhares de manifestantes esperavam a decisão da Câmara.

“Faltam quatro votos”, gritava um animado em cima de um caminhão de som e o público entrava em delírio, gritando eufórico após a longa jornada de debate e votação no Congresso.

“Fora PT, fora PT”, gritavam a plenos pulmões.

Maristela de Melo, aposentada de 63 anos, chegou às dez da manhã de domingo à manifestação na Esplanada dos Ministérios, dividida ao meio por um uro para manter separados apoiadores e opositores do governo.

“Estou feliz. Estou há um ano na rua esperando que Dilma caia. Como me sinto? Aliviada, contente por ver esses ladrões indo embora”, garante à AFP.

Abraços e ‘selfies’

Minutos depois do voto decisivo a favor da moção de impeachment, os manifestantes começaram a se retirar, ao som da oração do Pai Nosso feita pelo alto-faltante do carro de som.

Janda Ribeiro, de 54 anos, está desempregada. Viajou de São Paulo para acompanhar a votação e não parava de chorar. Com um fio de voz, explica à AFP que “lutamos muito para que nosso país se livrasse desses criminosos que nos roubaram tudo”.

Em São Paulo, a capital econômica do país, a votação foi acompanhada com o coração na mão. Na Avenida Paulista, ta contagem de cada voto representava um suspense e quando o número de 342 necessário para dar seguimento ao processo de impeachment foi alcançado, a maré verde e amarela explodiu em gritos, abraços, beijos e ‘selfies’: todo mundo queria um pedacinho daquele momento.

Impossível não comparar com uma partida pela Copa do Mundo. O traje era o mesmo, assim como a sensação de vitória e satisfação de ter vencido um inimigo.

Também havia muitos olhos marejados como os de Marisa Cardamone, advogada de 75 anos.

“Estou emocionada porque este é meu país, o país que amo, o país de meus filhos. É muito triste toda a corrupção que há. Lutamos muto para tirar esse governo corrupto, que acabou com nossa indústria, nossos empregos. Vim lutar para que o país de meus filhos seja melhor”, afirmou coma voz embargada.

Em outras cidades, como o Rio, os opositores de Dima também comemoraram a decisão. Copacabana se tingiu de verde e amarelo e a multidão explodiu em alegria.

Frustração

Na noite de Brasília, do outro lado do “Muro de Berlim”, como a barreira metálica foi apeliada, os partidários do govero se retivam.

A polícia não reportou incidentes ou confrontos e disse que no ápice das manifestações havia 79.000 pessoas, bem abaixo das 300.000 que eram esperadas na capital.

Muitos rostos tristes, muitos abraços e lágrimas. Ao fundo, um grupo de músicos tocava samba, enquanto os mais esperançosos gritavam “Não vai ter golpe”, o lema com que os partidários do governo se opunham ao impeachment.

Muitos proclamam que “a luta continua” e outros temem que os programas sociais do PT acabem com a queda de Dilma.

“Estou muito frustrado. Tinha confiança de que teríamos os votos contra o impeachment”, comenta Edilonson Oliveira, de 19 anos, estudante de Direito do Paraná.

“Mas a luta não acabou. AGora passa para o Senado e continuaremos nas ruas”, anunciou.

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