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Lágrimas verde-amarelas em todo o Brasil por Neymar

Torcedores esperam por notícias de Neymar do lado de fora do hospital onde ele foi atendido, em Fortaleza, em 4 de julho de 2014 afp_tickers

As comemorações por todo o Brasil pela classificação às semifinais ganharam rapidamente clima de luto quando seu maior ídolo, Neymar, foi cortado do Mundial depois de sofrer uma fratura no fim da partida contra a Colômbia, um incidente que fez o país chorar.

Abatidos, da presidente Dilma Rousseff ao brasileiro comum, todos choram pela despedida de seu craque de 22 anos de sua primeira Copa do Mundo, na qual marcou quatro gols em cinco partidas.

“Sua face de dor, ontem, no gramado do Castelão, feriu o meu coração e o de todos os brasileiros e brasileiras”, declarou Dilma neste sábado em uma carta dirigida ao jogador.

“Mas o que vimos, também, foi a força descomunal de um grande guerreiro que não se deixa abater, mesmo que ferido”, acrescentou, desejando a ele uma rápida recuperação.

“Neymar foi criado no Santos, e dói nos nossos corações saber que ele não poderá continuar defendendo o Brasil nesta Copa”, lamentou em sua conta no Twitter outro ídolo deste clube, o rei Pelé, que lembrou que sua saída da Copa de 1962 por uma lesão não impediu o país de conquistar sua segunda estrela.

João Batista Schaffer, um carioca de 78 anos que, como outros milhares, veste a camisa número 10 de Neymar, não consegue conter a emoção. Ouve a pergunta e os olhos enchem de lágrimas, que não se importa em secar.

“Adoramos Neymar, isso é muito duro, estou muito, muito triste, estou chorando desde ontem. Neymar não é corpulento, qualquer um o derruba. Ver esse jogador forte (o lateral colombiano Juan Camilo Zuñiga) dar esta joelhada nas costas foi horrível, foi uma covardia”, afirma o comerciante, interrompido em sua caminhada diária matinal pelo Parque do Flamengo, no Rio de Janeiro.

Faltavam apenas cinco minutos para o fim da partida, na qual o Brasil saiu vitorioso por 2 a 1, quando o pior aconteceu.

Zuñiga atingiu com uma joelhada o astro do FC Barcelona, que carregava nos ombros as esperanças de todo o Brasil, e Neymar caiu no gramado, se retorcendo de dor.

Com uma fratura na terceira vértebra lombar, Neymar não precisará ser operado, mas deverá permanecer de repouso por seis semanas, disseram seus médicos.

As redes sociais explodiram com mensagens sobre o craque, com status de astro de rock e múltiplos contratos comerciais, cujos movimentos são acompanhados por milhares de fãs, incluindo as adolescentes “Neymarzettes”.

As redes sociais também registraram ameaças de morte e ofensas racistas em relação a Zuñiga, o ‘carrasco’ do ídolo brasileiro.

Craque do mundo

“A dor de Neymar foi a nossa. Eu senti o que ele sentiu, fiquei com vontade de chorar com ele. Fiquei destruída”, confessa a enfermeira Erika Nunes, de 40 anos, ao terminar seu turno noturno para voltar para sua casa na periferia do Rio de Janeiro.

O treinador Ademir Costa Chaga, de 53 anos, que jogou no clube carioca Fluminense até perder um olho em uma partida, tenta colocar ordem em um jogo entre uma dúzia de meninos da favela Morro Azul, onde dá aulas gratuitas nos fins de semana.

“Neymar não é apenas o craque do Brasil, é o craque do mundo, é o melhor jogador da Copa. A tristeza é de todo o país”, afirma.

Como muitos brasileiros, Ronaldo, campeão do mundo em 2002, sugeriu que Zuñiga atingiu Neymar de propósito.

“Todo mundo viu. Houve uma intenção por parte do jogador colombiano de atingir, não foi uma atitude normal, não sei se havia planejado antes da partida, mas seu gesto sobre o Neymar foi muito agressivo, muito violento”, explicou o Fenômeno.

O técnico Luiz Felipe Scolari exige uma punição para Zuñiga, que não recebeu nem mesmo um cartão amarelo, e a Fifa está analisando a jogada.

E embora o colombiano negue ter tido a intenção de machucar, recebeu uma chuva de ameaças de morte e insultos racistas nas redes sociais, provenientes de brasileiros furiosos.

O Brasil tenta se concentrar agora em seu próximo duelo, contra a poderosa Alemanha, na terça-feira em Belo Horizonte, sem Neymar e sem o capitão Thiago Silva, suspenso depois de receber dois cartões amarelos.

Os brasileiros estão confiantes. “Será difícil, mas nossa seleção pode conseguir”, afirma Luis Silva, um vendedor de água de coco de 41 anos nas ruas do Rio.

SWI swissinfo.ch - sucursal da sociedade suíça de radiodifusão SRG SSR

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