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Lagostins invadem centro de Berlim

Lagostim é fotografado perto do lago Neuen See, em Berlim, em 25 de agosto de 2017 afp_tickers

Há alguns dias, lagostins-vermelhos se espalham pelo parque de Tiergarten, no centro de Berlim, divertindo as pessoas que passeiam por lá, mas sua voracidade preocupa muito os especialistas.

De entre 10 e 15 cm, o lagostim-vermelho, um deleite para o paladar dos amantes dos crustáceos, deveria ter ficado confinado em criadouros.

Não se sabe o motivo da sua presença na floresta de Tiergarten, adjacente ao Portão de Brandemburgo, à chancelaria e a grandes vias comerciais de Berlim Ocidental.

Katrin Koch, da associação ecologista Nabu, suspeita que tenham sido soltos de criadouros “porque perderam o interesse neles” ou por uma superprodução dos “jovens” em explorações privadas.

– Devoram tudo –

Outra possibilidade é que aquariófilos tem decidido se desfazer dos crustáceos. Os amadores “apreciam muito (este tipo de lagostins para seus aquários), mas em sua maioria não por muito tempo”, explica Oliver Coleman, especialista do Museu de História Natural de Berlim, enquanto aponta o dedo para um espécime de cor quase vinho que caminha pelo parque com suas grandes pinças pontiagudas.

Estes crustáceos têm um apetite voraz. “Comem todas as plantas e em pouco tempo o aquário parece devastado”, acrescenta.

Um apetite que, combinado à sua velocidade de reprodução, não pressagia nada de bom.

Em condições normais, estes lagostins costumam manter a cabeça submersa, de modo que vivem em lagos e lagoas.

As chuvas abundantes deste verão alteraram a quantidade de hidrogênio da água e destruíram suas tocas, obrigando-os a buscar um novo habitat, explica Dirk Ehlert, porta-voz da direção de assuntos ambientais da cidade de Berlim.

“Ontem juntamos (…) cerca de cinquenta no setor de Tiergarten”, explica, acrescentando que exemplares também foram vistos no sudeste e no norte de Berlim. A capital alemã é rodeada de lagos, rios e florestas.

O lagostim-vermelho é originário do México e do sudeste dos Estados Unidos e foi introduzido na Europa com fins comerciais.

– Vetor infeccioso –

É considerada uma espécie invasiva e prejudicial porque pode afetar “negativamente os ecossistemas aquáticos” em que se implanta, afirma a associação berlinense Nabu.

Além de se reproduzir muito, “come os ovos de peixes e anfíbios”, contribuindo assim para dizimar a fauna local, e além disso é portador de um cogumelo mortal para seus pares europeus contra o qual está imunizado, detalha a organização.

“Levam a infecção de lago em lago” e é necessário “evitar absolutamente” que colonize os dois rios berlinenses: Esprea e Havel.

Para tentar frear a propagação dos crustáceos em Berlim, as autoridades contam “sobretudo com seus inimigos naturais”, como a raposa, o guaxinim e a enguia.

Efetivamente, foram introduzidos alguns exemplares deste peixe nos lagos de Tiergarten, explica Ehlert, lembrando que “a captura de animais silvestres não está autorizada” e seria considerada caça furtiva.

SWI swissinfo.ch - sucursal da sociedade suíça de radiodifusão SRG SSR

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