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México busca líder do cartel de Sinaloa e investiga sua fuga

(12 jul) O presidente mexicano participa de uma entrevista coletiva em Paris afp_tickers

O México seguia em busca do narcotraficante Joaquín “El Chapo” Guzmán, líder do poderoso cartel de Sinaloa, que escapou pela segunda vez de uma penitenciária de segurança máxima, com a possível ajuda do diretor e de funcionários da prisão.

Sem rastro de seu paradeiro mais de 30 horas após a fuga por um sofisticado túnel de 1.500 metros de comprimento, as autoridades se perguntam quem facilitou a escapada de “El Chapo” da prisão de Altiplano, a 90 km da capital mexicana, apenas 17 meses após sua aclamada captura.

Na França, o presidente mexicano Enrique Peña Nieto ordenou uma busca em massa de Guzmán, com a participação de centenas de agentes da Polícia Federal, Exército e Marinha Armada, e expressou sua confiança

Apesar do impacto da fuga, Peña Nieto decidiu permanecer na França e enviou seu secretário de Governo, Miguel Ángel Osorio Chong, para conduzir as investigações.

Os Estados Unidos ofereceram ajuda para recapturar rapidamente Guzmán, considerado até sua última prisão o narcotraficante mais poderoso do mundo.

Esta é a segunda fuga de “El Chapo” de uma prisão de segurança máxima. A primeira ocorreu em 2001, quando saiu escondido em um carrinho de lavanderia.

Depois de fortalecer seu império criminoso e liderar sangrentas batalhas contra seus inimigos durante os 13 anos que viveu na clandestinidade, “El Chapo” foi detido em fevereiro de 2014.

Desta vez, se “conseguir chegar a Sinaloa e se esconder nas montanhas, será muito difícil que volte a ser capturado, porque conta com a proteção de seus habitantes”, considera Mike Vigil, ex-chefe de operações internacionais da Agência Americana Antidrogas (DEA).

Desde domingo, 30 funcionários da penitenciária, incluindo o seu diretor Valentín Cárdenas, foram ouvidos nas investigações.

Guzmán fugiu na noite de sábado por uma abertura cavada na área do banheiro, que tinha ligação com um duto vertical de aproximadamente 10 metros de profundidade habilitado com uma escada, ventilação, iluminação e até uma motocicleta adaptada sobre trilhos que teria servido para transportar as ferramentas e máquinas necessárias para as obras de escavação.

Este tipo de fuga “só pode ocorrer por meio de corrupção ou de ameaça. Não se trata apenas de oferecer dinheiro, mas ameaçar as famílias” dos funcionários, acredita Javier Oliva, especialista em segurança pública da Universidade Nacional Autônoma de México (UNAM).

A justiça dos Estados Unidos, temendo uma repetição da fuga de 14 anos atrás, chegou a pedir a extradição do criminoso, que é perseguido neste país por vários crimes e é considerado o inimigo público número 1 da cidade de Chicago.

O governo mexicano rejeitou o pedido americano, alegando que antes ele deveria pagar por seus crimes no país e que desta vez não havia risco de fuga.

Esta segunda fuga “deixa o governo do México em maus lençóis, porque houve uma espécie de nacionalismo judicial, em que as autoridades garantiram que tinham os recursos para mantê-lo na prisão”, diz o especialista em segurança Raul Benitez Manaut.

Com sua popularidade em baixa desde o desaparecimento e suposto massacre de 43 estudantes de Ayotzinapa, a fuga de Guzmán é um duro golpe para o governo de Peña Nieto, que fez da eficiência e coordenação interna suas bandeiras para confrontar o crime organizado.

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